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Regulamentação do futebol misto no Brasil divide opiniões

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) regulamentou, na última quarta-feira (8), o futebol misto em competições amadoras do Brasil. Agora, mulheres poderão participar de times masculinos e equipes femininas estarão liberadas para competir em torneios antes reservados exclusivamente para homens. A decisão ficará a critério de cada entidade organizadora.

A regulamentação, anunciada no Dia Internacional da Mulher, divide opiniões, inclusive a de especialistas.

“A decisão da CBF é acertada e necessária. Ela está em compasso com a realidade internacional. Inclusive, a esse respeito, menciono a inclusão de provas mistas em modalidades no calendário dos Jogos Olímpicos de Paris. Além disso, essa decisão vai ao encontro do entendimento da superação gradual da divisão binária de gênero no esporte. Já existem decisões judiciais mundo afora que questionam essa divisão binária. A prática mista desportiva é uma realidade social. O esporte, no âmbito da regulação e da Lex Sportiva, não pode se manter aleio a essas mudanças”, afirma Vinicius Calixto, advogado especializado em direito desportivo.

Thais Brazil, advogada especialista em direitos humanos, cita que é importante que o esporte e o futebol tenham iniciativas específicas voltadas à condição da mulher, enquanto atleta ou não.

“Todavia, é extremamente perigoso que iniciativas sejam verdadeiramente pensadas para as mulheres e não apenas como meio de promoção da entidade ou de políticas que não parecem ser tão eficazes assim”, pondera.

A advogada entende que a igualdade de gênero no esporte não será alcançada através da criação de times mistos.

“Eles podem ser criados, todavia não como medida de busca da igualdade de gênero. Esta, poderá ser alcançada com políticas de maior inclusão, incentivo, visibilidade, fomento, patrocínios, dentre outros. Não é sobre ‘misturar’ as mulheres em busca de igualdade, já que estas não serão misturadas com seus “iguais”, mas sim, buscar fornecer a estrutura para que essa igualdade seja alcançada e, aí sim, as ‘misturas’ aconteçam”, acrescenta.

O futebol misto já é uma realidade em muitos países, como França e Alemanha. Na Inglaterra, atletas de ambos os sexos podem jogar juntos até a categoria Sub-18, enquanto na Holanda e na Dinamarca não existem restrições de idade.

Com esta mudança, pretendemos democratizar e massificar a prática do futebol pelas atletas, removendo barreiras para o surgimento e o desenvolvimento de novos talentos. A CBF tem investido muito nas Seleções e nas competições femininas de alto rendimento, que contam hoje com um calendário de competições nacionais a partir da categoria Sub-17. O topo da pirâmide está relativamente bem estruturado, mas assentado sobre uma base frágil”, declarou Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.

“É importante destacar que o futebol misto trabalha com a massificação e a inclusão. Faltam equipes e, sobretudo, competições amadoras em nível local e regional nas primeiras categorias de iniciação e formação desportiva, como a Sub-10, Sub-12, Sub-14. Acredito firmemente que a regulamentação do futebol misto ajudará a corrigir este problema, incentivando a participação de milhares de jogadoras em equipes e competições mistas. Com o tempo, o aumento no número de atletas registradas também poderá levar à criação de equipes e competições exclusivamente femininas nas categorias mais jovens”, acrescentou.

Ainda segundo a entidade, a regulamentação do futebol misto “visa reparar a injustiça histórica cometida contra o futebol das mulheres, que teve a prática proibida no Brasil por longos 38 anos durante o Século XX e que, mesmo após a revogação da proibição, continuou a sofrer com a discriminação e a falta de incentivos”.

A CBF instituiu também o “Mecanismo de Dispensa Etária do Futebol Misto” (MDE), que visa diminuir a diferença física nos campeonatos mistos. Times femininos e jogadoras de certa faixa etária poderão enfrentar ou jogar com equipes masculinas de idade inferior. Meninas de 17 anos (Sub-17) estão livres para participar de torneios com garotos de até 13 anos (Sub-13), por exemplo.

A implementação do mecanismo busca promover a igualdade de oportunidades para jovens atletas que têm dificuldades para encontrar clubes.

“Vejo com bons olhos a instituição desse mecanismo. Ele mostra que é possível sim estabelecer, por meio de outros mecanismos, que não seja a separação irrestrita de gênero. Isso está em compasso com a promoção também da igualdade de oportunidades no esporte”, encerra Vinícius Calixto.

Crédito imagem: Retirado do site ESPN Brasil

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