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Relatório de Coletivo parceiro da CBF aponta aumento de 76% nos casos de LGBTfobia no futebol brasileiro

Um relatório produzido pelo Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ apontou um aumento de 76% nos casos de LGBTfobia no futebol brasileiro em 2022. O levantamento contou com o apoio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

De acordo com o documento, foram 74 episódios registrados, dentro ou fora de campo, mas ligados a partidas disputadas no país, no Anuário do observatório do coletivo em 2022. Em 2021 foram 42 e, em 2020, ano do início da pandemia de Covid-19, com os campeonatos paralisados, esse número foi de 20 casos.

Especialistas ouvidos pelo Lei em Campo reforçam que direitos humanos e esporte caminham juntos.

“O esporte não se afasta da proteção de direitos humanos. Por isso, o combate ao preconceito é caminho permanente. Dentro desse esforço conjunto, Estado, entidades esportivas e direito têm papel importante. O direito como mecanismo coercitivo para exigir das pessoas a conduta correta”, afirma Andrei Kampff, advogado especializado em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.

Para Cláudio Ganda, advogado e professor especialista em direitos humanos, o relatório provoca uma reflexão necessária.

“O relatório provoca reflexão em torno dos malefícios que desde sempre ameaçam a vida e, no seu enfrentamento, a até aqui vitoriosa genialidade humana, quer pela descoberta e aplicação de antídotos ou vacinas, quer pela reeducação de práticas e hábitos. No que toca a certos comportamentos, a intolerância e preconceito que teimam reinar na contramão do bom e justo convívio humano nos desafiam a um enfrentamento mais engenhoso dessa temática, jornada em que órgãos e entidades envolvidas no esporte devem empenhar todos os esforços na luta contra toda e qualquer forma de discriminação, sobretudo aquelas criminosa e irracionalmente manifestadas em ataques por questões de gênero, raça ou opção sexual”, avalia.

“O esporte não se afasta da proteção de direitos humanos. Por isso, o combate ao preconceito é caminho permanente. Dentro desse esforço conjunto, Estado, entidades esportivas e direito têm papel importante. O direito como mecanismo coercitivo para exigir das pessoas a conduta correta”.

“São casos que se repetem toda semana, é uma luta complexa e desafiadora. Há clubes que já detectaram isso e trabalham o tema com seus jogadores, funcionários e torcedores. Mas ainda é insuficiente. A LGBTfobia é um mal social que se alastra em todos os ambientes, em especial no futebol. Essa intolerância motivada por ódio e discriminação é profundamente violenta e deixa marcas profundas. Temos uma pesquisa de 2018 que indica que 62,5% dos LGBTQ+ brasileiros já pensaram em suicídio”, disse Onã Rudá, fundador do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ ao site da CBF.

A CBF celebrou uma parceria com o Coletivo no ano passado. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, disse por diversas vezes que a luta contra a discriminação no futebol é uma das prioridades da sua gestão.

“O trabalho mostra uma triste realidade, que estamos lutando para acabar no futebol. A CBF vai sempre combater os preconceitos e trabalhar para que o futebol seja um lugar de inclusão”, afirmou o dirigente.

O relatório também fala sobre o trabalho feito pelo Coletivo até agora na tentativa de dialogar com órgãos e entidades do futebol e de atuação sobre o esporte, como CBF, STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e Ministério Público.

“Estamos avançando e o apoio do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, tem sido fundamental. Há nitidamente uma nova lógica de pensar o futebol e a forma com que ele se relaciona com a sociedade. Um passo importante que precisa ser dado é a construção de um protocolo que padronize e oriente de forma direta como todos os árbitros do Brasil devem agir diante de cada situação de discriminação. Há árbitros que paralisam as partidas por causa de cânticos homofóbicos, mas não registram o caso em súmula e isso prejudica ações no STJD”, acrescentou Onã Rudá.

Cláudio Ganda cita algumas iniciativas que poderiam ser adotadas por aqueles que estão inseridos no universo do futebol.

“A título de exemplo e sem prejuízo de outros mecanismos de combate, seria engenhosa a adoção de medidas de restrição de acesso, por indignidade, às torcidas que manifestem cantos, gestos ou quaisquer outras formas de discriminação, providência que estaria a exigir empenho e vigilância dos responsáveis envolvidos e que poderia redundar em adesão de torcedores e organizadas verdadeiros e comprometidos. A liberdade nos exige responsabilidade, e estamos dispostos a suportar o preço!”, finaliza o especialista.

O relatório foi divulgado nesta quarta-feira, 17 de maio, data em que é celebrado o Dia Internacional contra a LGBTfobia.

Crédito imagem: Getty Images

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