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Relatório revela cotidiano de abusos a atletas japoneses durante os treinamentos

Um relatório da Human Rights Watch, uma organização internacional não governamental que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos, publicado nessa segunda-feira (20), denuncia os abusos físico, verbal e até sexual sofridos por atletas infantis japoneses durante os treinamentos.

Chamado de “Eu fui agredido tantas vezes que nem consigo contar”, o relatório ouviu cerca de 800 atletas de 50 modalidades diferentes. Desse total, 381 tem menos de 24 anos de idade e 19% disseram que já foram agredidos, socados ou chutados com um objeto enquanto treinavam.

“O treinador me disse que eu não estava levando a sério uma corrida, então todos fomos chamados pelo treinador e eu fui socado na cara na frente de todos. Eu estava sangrando, mas ele não parou de me bater”, contou um atleta que quis se identificar.

O relatório ainda afirma que muitos jovens tendem a sofrer de depressão, deficiências físicas e traumas como resultado das agressões. Um dos exemplos citados, é de um jogador de basquete de 17 anos, de Osaka, que cometeu suicídio em 2012 depois de ter sofrido repetidos abusos físicos por parte de seu treinador.

“No Japão, a violência e o abuso são demasiadas vezes parte da experiência dos atletas infantis. Como resultado, o esporte tem sido uma causa de dor, medo e aflição para muitas crianças japonesas”, diz o relatório.

O Japão possui um histórico negativo em relação a esse tema. Uma pesquisa interna do Comitê Olímpico Japonês (JOC) revelou que mais de 10% de seus atletas foram vítimas de bullying ou assédio. Após a pesquisa, a entidade prometeu tomar medidas para acabar com a violência dentro de suas federações esportivas e chegou a cortar o financiamento da federação de judô após descobrir que os treinadores abusavam de atletas mulheres.

No documento recém-publicado, a Human Rights Watch, exigiu que o Conselho de Esportes do Japão (JSC) e o JOC usassem os Jogos Olímpicos como um meio de mudança para a situação.

“A Human Rights Watch está pedindo ao Japão que tome medidas decisivas e lidere o enfrentamento dessa crise global”, afirmou Minky Worden, diretor de iniciativas globais da HRW, em entrevista para a Reuters.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) reconhece os problemas e afirmou: “O assédio e o abuso fazem infelizmente parte da sociedade e também do esporte. O COI está ao lado de todos os atletas, em todo o lado, para dizer que qualquer forma de abuso é contrário aos valores olímpicos, que pede respeito para todos no esporte”.

A Olimpíada está marcada para começar no dia 23 de julho e terminar no dia 8 de agosto de 2021.

Crédito imagem: Agência EFE

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