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Reunião do Vasco é vetada pela Prefeitura e reforma do estatuto adiada

“Recomendamos a manutenção do isolamento social, em especial por parte de pessoas com idades acima dos 60 anos, e vetamos a realização presencial da Sessão Extraordinária do Conselho Deliberativo do Clube de Regatas Vasco da Gama”, diz o ofício encaminhado ao presidente Alexandre Campello pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.

O clube recebeu no fim desta quarta-feira (22/7) a indicação de cancelamento da reunião agendada para sábado 25/7. Por contato telefônico, Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo, não quis comentar o adiamento do encontro. A convocação do conselho foi protocolada na última segunda-feira (20/7), e o objetivo do encontro era a apresentação do texto final da reforma do estatuto do clube, além da aprovação das atas das últimas quatro sessões, realizadas entre os dias 20 de janeiro e 2 de março deste ano.

A documentação, “estranhamente, não foi enviada aos conselheiros”, informou Roberto Monteiro em postagem no Twitter. Desta forma, o prazo regimentar de cinco dias para análise da documentação antes da sessão não seria cumprido, o que poderia gerar mais uma contestação em um processo já tão conturbado de reforma do estatuto e eleições diretas, como divulgou o Lei em Campo anteriormente.

“O estatuto de um clube é o resumo formal de direitos e deveres daquela entidade. Portanto, quanto mais democrático e debatido com todos os interessados, melhor”, informa Nilo Patussi, advogado especialista em gestão esportiva.

O Santa Cruz é outro clube que vive um processo conflituoso para a reforma do estatuto. O movimento Intervenção Popular Coral conseguiu na justiça a lista atualizada de sócios numa ação que vem desde 2017. É um passo para que as eleições do fim do ano aconteçam com mais transparência. Mas há outros pontos para avançar, lista Mário de Godoy, conselheiro do clube. “O recadastramento dos sócios, a possibilidade de todos os sócios votarem já que o Santa Cruz é um time do povo (apenas aqueles com planos de mensalidades superiores a 70 reais têm esse direito), e a adequação ao Profut”.

“A torcida, assim como os demais interessados, tem todo o direito de exigir boas práticas de integridade e transparência de seus clubes, pois são parte importante da instituição. Movimento deve ganhar força. Torcedor tem papel importante para a evolução do futebol”, lembra Nilo Patussi.

No Internacional, a reforma do estatuto aconteceu em dezembro passado. “Conquistamos alguns avanços, mas nem tudo foi aprovado”, conta Ivandro Morbach, conselheiro do Internacional e membro do Movimento O Povo do Clube. Conselho Deliberativo mais plural, eleição para a ouvidoria (antes era indicação da presidência), Conselho de Gestão completamente eleito são os pontos positivos da alteração.

“A eleição direta não foi aprovada. Aí deixamos de avançar. Mesmo assim, em comparação a maioria dos clubes brasileiros, o estatuto do Inter é muito mais avançado. Se o Inter era um dos clubes mais democráticos do país, essa diferença aumentou ainda mais”, pondera Ivandro.

A Operação Rebote, do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que denunciou ex-dirigentes do Inter e empresários do futebol por crimes como organização criminosa, estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, foi consequência de uma auditoria das contas da gestão de 2016. “No âmbito administrativo, os ex-dirigentes ficaram inelegíveis e depois foram expulsos do quadro social”, lembra Ivandro.

É o caminho que o Cruzeiro tenta seguir com a nova administração, que recentemente reformulou o portal de transparência do clube e entregou ao Ministério Público de Minas Gerais uma investigação interna, feita pela empresa Kroll. “Esperamos que exista um indiciamento dos envolvidos no âmbito criminal, e na medida que isso ocorra, também iremos tomar as medidas cíveis possíveis, como bloqueio de bens, para que o clube seja ressarcido. Além disso, administrativamente iremos buscar a expulsão de quem lesou o Cruzeiro”, já declarou, ao Lei em Campo, o presidente do clube, Sérgio Rodrigues.

“O espírito do compliance é criar mecanismos internos que façam o papel de fiscalização da gestão e possam dar rastreabilidade. Assim, quem comandar o clube no futuro terá acesso às informações. Até para saber onde houve erros e acertos, que norteiem ações futuras”, explica Gustavo Nadalin, advogado especialista em compliance.

Crédito da foto: Luis Wilker Perelo

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