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Seleção tunisiana pode ser punida pela FIFA por arremesso de banana contra brasileiros? Entenda

No último amistoso preparatório antes da Copa do Mundo do Catar, a Seleção Brasileira não tomou conhecimento e goleou a Tunísia por 5 a 1, no Parque dos Príncipes, em Paris, na França, nesta terça-feira (27). No entanto, a cena que acabou marcando a partida não foi de nenhum lance plástico ou alguns dos gols, mas sim de uma atitude racista vinda das arquibancadas do estádio do PSG. Durante a comemoração do gol de Richarlison, o segundo do Brasil, uma banana foi arremessada no gramado em direção aos brasileiros.

Durante a transmissão da TV Globo é possível ver claramente o momento que alguém atira a banana em direção aos brasileiros. De acordo com o ‘ge’, funcionários da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) tentaram identificar o responsável pelo ato racista, mas não conseguiram encontrá-lo. Segundo especialistas, por conta da gravidade, o caso pode ter desdobramentos e uma eventual sanção à Tunísia não deve ser descartada.

“A FIFA, na qualidade de entidade máxima do futebol, é responsável pela normatização, a nível mundial, das orientações a serem observadas dentro e fora de campo. Em relação aos recentes, constantes e lamentáveis episódios de racismo, a responsabilidade da entidade nos esforços para combater tais atitudes, que é reconhecida em seus próprios Estatuto e Código de Ética, inevitavelmente vem à tona. Na última versão de seu Código Disciplinar, a FIFA inaugurou uma espécie de ‘tolerância zero’ ao racismo, assumindo importante papel de proteção aos direitos fundamentais dos atletas e demais envolvidos nas competições ao exigir que suas normas sejam replicadas pelas entidades de administração do desporto a ela vinculadas”, explica Carlos Henrique Ramos, advogado especialista em direto desportivo

“Os árbitros ganharam poderes para repreender o público, suspender e até abandonar partidas diante de incidentes racistas, atribuindo a derrota ao infrator. Os clubes ou seleções eventualmente denunciadas responderão a processos disciplinares os quais poderão contar, inclusive, com a participação da vítima. Assim, me parece que a seleção/federação da Tunísia fica sujeita às sanções lá previstas, como multa, imposição de jogar sob portões fechados, proibição de jogar em certo estádio ou a eliminação de competições. Alguns precedentes envolvendo seleções atuando sob portões fechados, além de imposição de multa, já foram construídos recentemente”, acrescenta o advogado.

“O Código Disciplinar da FIFA, que deve ser observado nesse caso por se tratar de competição organizada diretamente pela entidade, mas também serve como orientação aos demais regramentos nesse sentido, posiciona a FIFA contra todo tipo de discriminação pautada em ‘raça, cor da pele, origem étnica, nacional ou social, gênero, deficiência, orientação sexual, idioma, religião, opinião política, riqueza, nascimento ou qualquer outra status ou qualquer outro motivo’. A partir disso, são previstas ações imediatas nas partidas em que esse tipo de caso ocorrer e sanções às equipes, federações-membro e quaisquer dos jurisdicionados pelo referido Código Disciplinar”, conta Luiza Soares, advogada especialista em direito desportivo.

A advogada explica que “uma vez sendo instaurado o procedimento disciplinar, caso entendido que o torcedor ou grupo de torcedores responsável pelo ato racista estava (ou deveria estar) no estádio torcendo para a Tunísia e se não houver esforços daquela federação para sua identificação e devido julgamento, assim como o ânimo de comprometer-se no combate ao racismo, a Seleção da Tunísia poderá vir a sofrer as sanções que determinam os regramentos da FIFA, sendo a mais gravosa a exclusão de competições oficiais”.

Após a partida, o técnico Tite comentou o episódio, cobrando punições aos envolvidos.

“No futebol não vale tudo. Lugar de estádio não é para fazer o que se quer. O processo de educação e punição tem que ser, também, dentro do estádio, também com torcida. Ninguém tem exposição pública a estar tomando qualquer que seja a situação. Que os órgãos responsáveis tomem a devida providência. É educação daquilo que são os jovens, nossos filhos, nossos netos, e é de punição a quem faz as coisas erradas”, disse o treinador.

Richarlison também falou sobre o ocorrido e citou que uma punição é necessária para servir de exemplo para que isso não volte a acontecer.

“A gente fica triste por esse momento, espero que possam reconhecer esse cara aí, a pessoa que jogou a banana na hora da comemoração, e que ele possa ser punido e servir de exemplo para que não aconteça mais, ainda mais dentro de um estádio. Na hora eu não vi, graças a Deus, de cabeça quente não sei o que poderia acontecer. Espero que esse cara aí seja punido”, declarou o atacante.

Em nota oficial (confira ao fim da matéria), a CBF repudiou o episódio de racismo e reforçou seu posicionamento contra a discriminação.

Antes da partida, os jogadores da Seleção Brasileira entraram com um faixa antirracista com a seguinte mensagem: “Sem nossos jogadores negros, não teríamos estrelas em nossa camisa”.

O próximo compromisso da Seleção Brasileira é no dia 24 de novembro, diante da Sérvia, em partida válida pela primeira rodada do Grupo G da Copa do Mundo do Catar.

Confira a íntegra da nota da CBF:

“Após o segundo gol do Brasil, uma banana foi arremessada em direção a Richarlison. A CBF reforça seu posicionamento contra a discriminação e repudia veementemente mais um episódio de racismo no futebol.

Seja dentro ou fora de campo, atitudes como essa não podem ser toleradas. Presente na França, o presidente Ednaldo Rodrigues se manifesta sobre o ocorrido:

‘O combate ao racismo não é uma causa, mas uma mudança fundamental para varrer esse tipo de crime do planeta. Eu insisto em dizer que as punições precisam ser mais severas’, finalizou”

Crédito imagem: Lucas Figueiredo/CBF

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