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#StopToxicity – a luta contra a toxicidade no esporte eletrônico

A comunidade do esporte eletrônico, assim como qualquer outra, tem seus bons e maus exemplos, e nesta semana puderam ser presenciados o melhor e o pior deles.

A comunidade do eSport abrange atletas, clubes e demais pessoas envolvidas nas competições, vídeos e transmissões ao vivo de todas as modalidades.

A principal característica que distingue essa comunidade esportiva das demais é que a grande maioria de suas interações se dá no ambiente virtual, no qual seus membros escondem suas faces atrás de perfis, tornando-se anônimos. Ou pelo menos é como eles se sentem.

Apesar dessa característica, é muito comum que os atletas e até membros da comissão técnica e administrativa dos clubes sejam muito próximos dos fãs nas redes sociais, possibilitando experiências positivas, mas também potencializando as negativas.

A toxicidade

Não é recente nem exclusivo da comunidade esportiva eletrônica a toxicidade na internet, e pelos motivos mais perversos: racismo, machismo, xenofobia, homofobia, etc.

Já foi caso de televisão a menina negra que foi atacada por milhares de pessoas no Facebook ao postar uma foto com o namorado branco, por exemplo.

Na última semana mesmo, tivemos dois dos piores exemplos de toxicidade do meio esportivo eletrônico.

#StopToxicity

O primeiro deles se deu com a equipe escandinava “North”, que falhou em conquistar uma vaga no Major (espécie de primeira divisão da modalidade Counter-Strike).

Como era esperado, a derrota na classificatória não foi bem recebida pelos fãs, mas uma parcela considerável de “torcedores” resolveu demonstrar a frustração em mensagens de ódio e ameaças direcionadas aos membros da equipe.

A equipe se posicionou no Twitter, publicando uma imagem com algumas das mensagens recebidas e o texto:

“Ei comunidade CS:GO,
Nós temos que conversar sobre uma coisa.
Isso não está certo.
– Não está para nós
– Não está para nossos jogadores
– Não está para nossos oponentes
– Não está para narradores
– Não está para seus próprios oponentes
– Não está pra NINGUÉM.
Nós temos que parar isso como uma comunidade, porque isso NÃO ESTÁ certo!”

A mensagem foi ouvida por diversos outros clubes e atletas de eSports, que se posicionaram e criaram a hashtag #stoptoxicity.

Com a North como porta-bandeira desse movimento, os clubes, atletas e demais criadores de conteúdo aderiram a três regras para combater a toxicidade:

1- Remover comentários tóxicos dos feeds nos quais tenham poder para tanto.
2- Reportar membros tóxicos da comunidade para os serviços relevantes, plataformas e autoridades, se necessário.
3- Banir membros tóxicos da comunidade, para que eles não possam mais seguir, visualizar ou comentar o conteúdo.

Assédio contra mulheres

Já no Brasil, há algum tempo o My Name My Game vem ganhando notoriedade. Trata-se de um movimento para que o assédio a mulheres no ambiente de jogos online acabe.

O texto “Mais da metade dos gamers do mundo são mulheres. Mas muitas delas se escondem em nicks masculinos para evitar o assédio online” é a capa do site oficial desse movimento.

A violência contra a mulher nesse meio é uma realidade, e nesta última semana tivemos mais um exemplo disso envolvendo a streamer Monique “Red Queen” Alves.

Com o incentivo de outro criador de conteúdo, vários usuários “gankaram” (termo sinônimo de invadir) o canal Resident Evil Database na plataforma StreamCraft, no qual a Red Queen faz transmissões ao vivo, para disparar insultos, a maior parte deles, machistas.

Mais tarde naquele dia, após o fim da transmissão online, ela desabafou no Twitter. A plataforma agiu rápido em defesa da streamer e se posicionou em sua página do Facebook, mas o dano já estava feito.

Os bons exemplos

Exemplos de como a comunidade dos eSports pode ser positiva também não faltam.

Nesta semana diversos influenciadores, como Gabriel “Fallen” Toledo e a Drag Queen Samira Close, fizeram streams solidárias #SOSBRUMADINHO. Trata-se de transmissões online em que todo o dinheiro arrecadado foi doado para auxiliar o resgate e as famílias da tragédia de Brumadinho.

Movimentos como esse são frequentes e unem toda a comunidade em prol de alguma causa. Outros exemplos são encontros em parques organizados pelos clubes ou influenciadores, nos quais são angariadas doações para entidades carentes.

Opinião do autor

A comunidade do eSport é maravilhosa. Não precisamos dividir os estádios em duas torcidas com medo de violência física, mas a violência verbal (e moral) contra as minorias em suas jogatinas diárias e contra os atletas no exercício de sua profissão deve ser rechaçada. Somos uma comunidade jovem e devemos deixar de fora dela os maus hábitos de outras modalidades esportivas e da sociedade no geral. Devemos, sim, ser intolerantes com a intolerância e a falta de educação.

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