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Superliga Europeia e Liga Brasileira de Futebol: Divergências Financeiras e a Busca por um Futebol Mais Justo

Por Gustavo Lopes Pires de Souza, Caio Teles e Felipe Bijos

A criação da Superliga europeia em abril de 2021 gerou intensos debates e controvérsias no cenário do futebol. A proposta de uma liga separatista, formada pelos maiores e mais ricos clubes da Europa, levantou questionamentos sobre os impactos que essa nova competição poderia ter no contexto esportivo e financeiro. Por outro lado, no Brasil, a discrepância de receitas entre os clubes levou à iniciativa da Liga Brasileira de Futebol (Libra), que busca uma gestão mais equilibrada e uma distribuição justa das receitas entre as agremiações.

A Superliga europeia, anunciada em abril de 2021, causou um grande impacto no cenário do futebol. A proposta de uma liga separatista, formada pelos maiores e mais ricos clubes da Europa, despertou intensos debates sobre suas implicações esportivas e financeiras. Enquanto os clubes idealizadores buscavam o controle total das receitas e dos lucros da competição, a hegemonia do órgão regulamentador do futebol europeu, a UEFA, e a meritocracia foram ameaçadas.

O documentário “Superliga: A Guerra pelo Futebol” revela os bastidores da criação dessa liga, expondo as reações dos presidentes dos clubes e dos líderes das ligas e entidades futebolísticas ameaçadas. Fica evidente que, por trás do esporte em si, os executivos lutam pelo acesso às bilionárias receitas geradas pelo futebol. Clubes como Real Madrid e Juventus, que não possuem o suporte de proprietários bilionários como Manchester City e PSG, buscaram confrontar o monopólio da UEFA e ampliar suas receitas. Dessa forma, a Liga foi anunciada, colocando em confronto a paixão esportiva e os interesses financeiros.

Nesse contexto, é notório que a UEFA, representada por Aleksander Ceferin, e as principais ligas nacionais da Europa discordaram do desligamento dos maiores clubes de suas competições, pois isso resultaria na perda de receitas e na desvalorização de seus campeonatos. No entanto, é igualmente importante analisar o papel dos torcedores dos clubes envolvidos na criação da Superliga. Foi a indignação e o descontentamento desses adeptos que geraram uma repercussão negativa significativa em relação à liga separatista. Os clubes não puderam ignorar a opinião do povo, que manifestou-se veementemente a favor da preservação da integridade e tradição das competições existentes. Isso ressalta a importância dos torcedores como verdadeiros detentores do espetáculo e destaca a necessidade de levar em consideração seus interesses.

Como resultado da indignação dos torcedores, o Chelsea e o Manchester City retiraram-se da Superliga, seguidos por outros clubes ingleses participantes. Isso deixou apenas os clubes idealizadores do projeto – Real Madrid, Juventus e Barcelona – mantendo suas posições separatistas. Com o fim desse episódio conturbado para o futebol europeu, é necessário analisar que o futebol não deve ser um monopólio, como almejado pelos clubes idealizadores, e que mudanças devem ser feitas. No entanto, qualquer mudança proposta não deve afetar a paixão, os valores e as convicções dos torcedores, que são os verdadeiros donos do espetáculo.No Brasil, a criação da Liga Brasileira de Futebol (Libra) surge como uma resposta à discrepância de receitas entre os clubes que disputam as principais ligas nacionais. Fundada por Bragantino, Cruzeiro, Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Santos e São Paulo, a Libra tem como objetivo melhorar a gestão financeira e promover uma distribuição mais justa das receitas entre as agremiações. Atualmente, a liga conta com 18 participantes e propõe uma divisão de receitas baseada em critérios como divisão igualitária (40%), desempenho esportivo (30%) e audiência (30%).

Essa abordagem visa alcançar um equilíbrio financeiro ao longo do tempo, reduzindo as disparidades existentes entre os clubes. A distribuição atual das cotas de TV evidencia a necessidade de mudanças, com clubes como o Flamengo recebendo R$ 160 milhões por contrato, enquanto outros, como o Fortaleza, ficam apenas com R$ 2,8 milhões.

No entanto, a implementação da Libra enfrenta desafios, pois existem divergências de ideias entre os clubes que já aderiram ao projeto e aqueles que ainda estão de fora. Além disso, alguns clubes possuem contratos vigentes com a emissora Globo, e a CBF impôs como condição aguardar o término desses contratos antes de aderir à Libra.

Diante desses obstáculos, é necessário aguardar a adesão de mais clubes ao grupo já engajado na Libra e a busca por um consenso junto à CBF sobre o momento ideal para iniciar essa “Nova Era” do futebol brasileiro. A Superliga e a Libra representam iniciativas de reformulação das disparidades financeiras no futebol, cada uma com suas peculiaridades. Enquanto a Superliga buscava a separação e o controle exclusivo das receitas, a Libra tem o objetivo de promover uma distribuição mais equitativa, sem modificar a estrutura das competições existentes.

Diante das diferenças entre esses dois projetos de liga, há uma esperança de que a Libra seja colocada em prática e se torne um avanço real para o futebol brasileiro. O fracasso da Superliga serve como aprendizado, evidenciando que uma abordagem individualista e egoísta dos grandes clubes europeus, focada apenas no enriquecimento próprio, não é aprovada pelos torcedores e pela opinião pública. Portanto, cabe aos responsáveis pela Libra encontrar um denominador comum com os demais clubes, os torcedores e a CBF, unindo-se em prol do desenvolvimento e da evolução do futebol brasileiro como um todo.

Em conclusão, à medida que os clubes buscam aumentar suas receitas, a Superliga e a Libra representam diferentes abordagens para reformular as disparidades financeiras no futebol. Enquanto a Superliga provocou uma reação negativa devido ao seu caráter separatista e exclusivo, a Libra surge como uma iniciativa que busca promover a sustentabilidade e a igualdade no futebol brasileiro. Ao equilibrar as finanças dos clubes e distribuir de forma mais justa os recursos, a Liga Brasileira de Futebol pretende fortalecer o esporte nacional.

No entanto, é essencial que os desafios e obstáculos sejam superados para que a Libra se torne uma realidade. É necessário que mais clubes adiram à iniciativa e que haja um consenso entre todos os envolvidos, incluindo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Além disso, é fundamental encontrar soluções para os contratos vigentes e garantir que a transição para a Libra seja feita de forma harmoniosa.

A experiência da Superliga europeia serve como um alerta para a importância de ouvir a voz dos torcedores e considerar o bem-estar do futebol como um todo. Os clubes não podem se afastar dos valores e da paixão que movem o esporte, priorizando apenas interesses financeiros individuais.

Portanto, é necessário encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento financeiro e a preservação dos princípios fundamentais do futebol. A implementação da Libra pode ser um passo significativo nessa direção, promovendo uma distribuição mais equitativa das receitas e criando um ambiente mais competitivo e justo para todos os clubes brasileiros.

À medida que a Libra avança, é fundamental que os envolvidos se mantenham abertos ao diálogo e trabalhem juntos em prol do crescimento do futebol brasileiro. Somente por meio da colaboração e do compromisso mútuo será possível alcançar um sistema mais justo e sustentável, onde o talento e o esforço sejam os principais fatores de sucesso.

O futebol é um esporte que une milhões de pessoas e tem um impacto significativo na sociedade. Através da implementação da Libra e de outras iniciativas semelhantes, podemos construir um futuro onde a competição seja baseada no mérito esportivo e onde os clubes tenham condições igualitárias de crescimento e desenvolvimento.

Em última análise, a Superliga europeia e a Liga Brasileira de Futebol (Libra) representam abordagens contrastantes para lidar com as disparidades financeiras no futebol. Enquanto uma despertou críticas e resistência devido à sua natureza exclusiva, a outra busca promover uma distribuição mais justa e sustentável das receitas.É fundamental que os interesses dos torcedores e a integridade do esporte sejam preservados em todas as iniciativas de reformulação do futebol. Somente assim poderemos garantir um futuro brilhante para o esporte mais amado do mundo, onde a competição seja saudável, o desenvolvimento seja equilibrado e os valores do futebol sejam sempre respeitados.

Crédito imagem: CBF/Divulgação

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Gustavo Lopes Pires de Souza

Caio Teles – Acadêmico do Direito (PUC/MG)

Felipe Bijos – Acadêmico do Direito (PUC/MG)

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