O torcedor que levou uma cabeça de porco para a Neo Química Arena no dérbi entre Corinthians e Palmeiras se apresentou na 6ª Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) nesta quarta-feira (6). Ele prestou depoimento e foi liberado.
Em entrevista à imprensa, Osni Fernando Luiz disse que fez apenas uma “brincadeira sadia”. Apelidado de “Cicatriz”, o torcedor explicou como surgiu a ideia de comprar a cabeça de porco e afirmou que, inicialmente, não planejava jogar o item para dentro do estádio.
“No primeiro momento, eu levei a cabeça de porco para tirar uma foto no estacionamento, mais nada, por causa de uma brincadeira. Só quis fazer isso. Não quis confrontar ninguém. Fui ao Mercadão. Brincando no WhatsApp, falamos que sempre vemos faixas de brincadeiras sobre ‘sem Mundial’, mas achamos que essa brincadeira já estava velha demais. Pensamos, então, em ir à Arena com a cabeça, no estacionamento, e tirar umas fotos. Aí, eu disse que poderia ver no Mercadão da Lapa se encontrava uma,” contou.
“A provocação é sadia, eu não peguei barra de ferro para agredir ninguém, não dei soco. O futebol raiz tem que viver. Nos anos 90, todo mundo ia ao jogo junto, brincava com o outro. Hoje, chegou a uma proporção que estão acabando com o futebol,” acrescentou.
Osni pediu desculpas pelo episódio. No pedido de perdão, ele mencionou o Corinthians e as autoridades.
“É uma brincadeira sadia. Eu nem sabia que ia repercutir tanto. Mudou muita coisa na minha vida, mas quero pedir perdão pelo meu escudo, amo demais essa entidade, não quis prejudicá-la. Quero pedir perdão às autoridades pela dor de cabeça que estou causando a eles. Em momento algum quis provocar isso,” disse.
Ao ser questionado sobre a possível incitação à violência que o ato poderia causar, Osni contou que já perdeu um irmão por causa de briga entre torcidas organizadas.
“O fato de eu ter jogado uma cabeça de porco está repercutindo mais do que outras coisas que acontecem por aí. Não quero defender ninguém, mas eu já perdi meu irmão por causa de torcida organizada. Todo mundo sabe o que eu guardo no meu coração. Só fiz uma provocação sadia, saudável, e isso repercutiu muito,” revelou.
Osni não foi indiciado, mas um pedido de afastamento dos estádios de futebol já foi feito. Até o momento, apenas um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) foi registrado. Este tipo de documento é utilizado para infrações de menor potencial ofensivo, quando a pena é inferior a dois anos. No caso da cabeça de porco, o crime é de provocação de tumulto.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou, em nota, que “as diligências continuam para a identificação e responsabilização de outros envolvidos”.
“As investigações sobre o caso e suas circunstâncias prosseguem pela Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade). O homem envolvido na compra do animal prestou depoimento na tarde desta quarta-feira (6) e foi liberado, com base na Lei Geral do Esporte. As diligências seguem para a identificação e responsabilização de outros envolvidos e total esclarecimento dos fatos,” disse o órgão.
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