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Trabalhadores migrantes no Qatar enfrentam ‘racismo estrutural’, aponta relatório da ONU

A Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou um relatório nesta semana, onde levanta “sérias preocupações com a discriminação racial enfrentadas por estrangeiros” no país anfitrião da Copa do Mundo 2022, o Qatar.

Cerca de 2 milhões de trabalhadores migrantes estão empregados no Qatar, sendo grande maioria dos trabalhadores com baixos salários do sul da Ásia e leste da África. Atualmente, cerca de 18.500 estão construindo estádios da Copa do Mundo e outras milhares em projetos ligados ao evento mundial.

O relatório revela que trabalhadores com baixos salários continuam sofrendo discriminação e exploração severas, após quase 10 anos de a FIFA conceder a Copa do Mundo ao país do oriente médio. O não pagamento de salários, condições inseguras de trabalho e a negação do acesso a espaços públicos estão entre os abusos sofridos descritos no relatório.

Trabalhadores que fogem de empregadores abusivos são taxados de “fugitivos”. Embora o relatório aponte o andamento das obras em um ótimo estágio e “construções impressionantes”, o comitê que organiza a Copa do Mundo do Catar, diz que “sérios desafios permanecem”. O governo do Catar cancelou uma visita do relator da ONU, Tendayi Achiume, prevista para janeiro, logo após a publicação de conclusões preliminares.

O relatório pressionará a FIFA a realizar uma fiscalização no local que abrigará a maior competição mundial de futebol.

O grupo de direitos humanos com experiência em trabalhadores migrantes no Golfo, FairSquare Projects, escreveu uma carta para a FIFA e dois de seus patrocinadores (Coca-Cola e Adidas) a se posicionar sobre o assunto.

“Muitos dos trabalhadores submetidos a práticas discriminatórias no Qatar são resultados direto da decisão da FIFA de conceder o torneio no país. A FIFA tem a responsabilidade e as ferramentas para fazer a diferença, mas para isso precisamos de declarações públicas fortes”, afirmou o diretor da FairSquare Projects.

Em uma declaração ao The Guardian, um dos meios de comunicação da Inglaterra, a FIFA não reconheceu a discriminação racial descrita pelo relatório. A entidade reafirmou o trabalho com seus parceiros para garantir “uma experiência inclusiva em torneios para todos e uma postura firme contra qualquer tipo de discriminação”.

A principal crítica é a existência do sistema kafala, sob o qual os trabalhadores não conseguem mudar de emprego sem a permissão de seus empregadores. As autoridades do Qatar e a Organização Internacional do Trabalho da ONU anunciaram planos para acabar com esse sistema e introduzir um salário mínimo, porém ainda não foram postos em prática.

Publicamente, o governo do Qatar disse que fez progressos significativos nos direitos dos trabalhadores. “O Catar acredita enfrentar seus desafios abertamente e prontamente cooperou com seus parceiros e críticos para encontrar soluções práticas de longo prazo”, afirmou em comunicado.

“Enquanto nos preparamos para introduzir novas reformas trabalhistas nos próximos meses, continuaremos adotando uma abordagem aberta e inclusiva para melhorar a qualidade de vida de todos os que vivem no Qatar”, concluiu.

Crédito imagem: Getty Images

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