Recentemente, o Ministério Público de Goiás (MPGO) juntamente do GAECO realizou a operação ‘Penalidade Máxima’, que investiga possível manipulação de resultado na última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro 2022. O caso reacendeu a discussão sobre esse grave problema da atualidade. A preocupação com a integridade no esporte mais popular do Brasil é cada vez maior e deve receber ainda mais atenção nas categorias de base, uma vez que estamos falando em jovens ainda em formação profissional.
Diante desse cenário, o que as categorias de base podem fazer para reduzir ao máximo a chance desse problema chegar nesses jovens? Para Udo Seckelmann, advogado especialista em direito desportivo e apostas esportivas, o investimento em educação é o primeiro passo que as entidades esportivas devem dar para buscar a manutenção da integridade.
“O primeiro passo a ser adotado por qualquer entidade desportiva para proteção à integridade do esporte é investimento em educação dos seus participantes. E educação deve começar desde sua formação nas categorias de base. A grande maioria dos nossos atletas, amadores e profissionais, desconhecem as normas legais e regulamentares sobre match-fixing, spot-fixing e apostas de forma geral. Educá-los é essencial para terem ciência das consequências que seu envolvimento em tal prática traria não apenas em suas carreiras (por meio de sanções desportivas), mas potencialmente à sua liberdade, visto que podem ser penalizados criminalmente”, afirma.
Henrique Law, presidente do Ibrachina FC – clube fundado em 2020 a partir de um projeto social, que vem chamando a atenção nos campeonatos de base em São Paulo e tem a ambição de ser um dos maiores reveladores de jogadores do Brasil – conta que a equipe passou aos atletas os malefícios que esse problema causa para a cadeia esportiva.
“Como clube formador, entendemos que as questões que envolvem ética fazem parte da formação do atleta tanto quanto a preparação física. Recentemente realizamos uma palestra sobre o tema para nossos jogadores no Ibrachina Arena através do Sindicato dos Atletas de São Paulo. Um especialista conversou com todas as categorias, explicou os prejuízos que a manipulação traz para o professional, o clube e o esporte. Nossa equipe, junto com a psicóloga e a assistente social, trabalham muito próximos dos jogadores para acompanhar a formação integral de nossos atletas”, diz o dirigente.
O presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo, Rinaldo Martorelli, diz que a entidade começou, em 2015, um trabalho de conscientização com os plantéis profissionais, mas que isso se estendeu até as categorias de base.
“Os próprios dirigentes pedem para que a gente vá falar com os jovens. Estamos organizando uma série de visitas para levar as informações sobre manipulação de resultado neste ano. Passamos aos atletas como os aliciadores agem, como eles se aproximam, os perigos e punições para quem participar do esquema. Enfim, temos um trabalho bem extenso sobre o tema, com mais de 200 palestras feitas a respeito”, contou o dirigente.
Importante destacar que o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) prevê punições severas para jogadores que participarem de manipulação de resultados.
Se for comprovado que o atleta aceitou ser comprado ele pode, pelo artigo 243 da legislação esportiva, ser suspenso em até 720 dias. E se ele for reincidente, pode ser punido com o banimento e eliminação do futebol. O Lei em Campo abordou esse tema na semana passada.
As apostas esportivas possuem um mercado que movimenta muito dinheiro. Algumas entidades que atuam na prevenção a fraudes estimam que o faturamento anual das casas de aposta se aproxime de 1,5 trilhão de euros (R$ 8 trilhões).
No Brasil, esse mercado chegou em 2018, quando foi sancionada a lei que legalizou as apostas esportivas no país. A nova legislação, porém, ainda não foi regulamentada.
Crédito imagem: CBF
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