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UEFA aprova novo sistema que substituirá ‘Fair Play Financeiro’. O que pensam especialistas sobre novas regras?

O Comitê Executivo da UEFA aprovou, nesta quinta-feira (7), os novos regulamentos de licenciamentos de clubes e de controle financeiro, que substituirá o conhecido e tão criticado ‘Fair Play Financeiro’. Segundo a entidade que rege o futebol europeu, essa é a mudança mais significativa desde que as regras financeiras foram introduzidas em 2010. Conforme o Lei em Campo contou há um mês, o novo modelo deve ser mais atrativo e rígido.

“De uma maneira geral, o novo regulamento de Fair Play Financeiro promete ser mais restritivo que o anterior e trará sanções mais severas aos clubes que violarem as regras. Não podemos olvidar que o controle econômico não tem o condão de acabar, por si só, com o desequilíbrio econômico e esportivo entre as equipes. A diferença considerável na distribuição dos recursos dos direitos de transmissão continuará sendo um obstáculo grande para a equidade competitiva, em razão da diferença de arrecadação dos clubes que disputam a Premier League com relação a alguns de outras Ligas”, afirma João Paulo di Carlo, advogado especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.

“Não acho um modelo ruim. Aliás, é melhor que o anterior, à medida em que combina salários e amortizações de investimentos na mesma conta. Clubes que contratam muito tendem a ter menos espaço para salários, enquanto clubes que contratam menos tendem a ter mais espaço para salários”, avalia o economista Cesar Grafietti.

O advogado Marcel Belfiore ressalta a dificuldade de se pensar em um modelo financeiro 100% sustentável e equilibrado, mas elogia a busca pelo aperfeiçoamento e melhorias por parte da UEFA.

“O que podemos dizer, por enquanto, é que o modelo anterior estava mais baseado em evitar perdas e agora estão tentando dar uma atenção maior para as receitas. No entanto, para isso acontecer efetivamente, o órgão fiscalizador (UEFA) precisa ter a capacidade de analisar minuciosamente essas receitas para evitar que os clubes burlem as novas regras”, analisa o especialista em direito desportivo.

O novo sistema entra em vigor a partir de junho deste ano (início da próxima temporada), com um período de três anos para adaptação. No primeiro momento, os clubes de futebol poderão gastar até 90% das receitas totais no primeiro ano, 80% no segundo e 70% no terceiro em diante. Também haverá a implementação de uma regra de custo de elenco, buscando controlar salários e investimentos em transferências.

Fora isso, o patrimônio líquido dos clubes deve ser positivo em 31 de dezembro da temporada anterior, ou então, ter melhorado 10% em relação à mesma data do ano anterior.

“Os primeiros regulamentos financeiros da UEFA, introduzidos em 2010, serviram ao seu propósito principal. Eles ajudaram a recuperar as finanças do futebol europeu e revolucionaram a forma como os clubes europeus são geridos. No entanto, a evolução da indústria do futebol, juntamente com os inevitáveis ​​efeitos financeiros da pandemia, mostrou a necessidade de uma reforma geral e novos regulamentos de sustentabilidade financeira”, declarou o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, em comunicado.

“A UEFA trabalhou em conjunto com as suas partes interessadas em todo o futebol europeu para desenvolver estas novas medidas para ajudar os clubes a enfrentar estes novos desafios. Estes regulamentos vão nos ajudar a proteger o jogo e a prepará-lo para quaisquer potenciais choques futuros, ao mesmo tempo que incentiva investimentos racionais e constrói um futuro sustentável para o jogo”, acrescentou o mandatário.

Conforme se especulava, o novo modelo promete ser mais rígido com os clubes infratores. Além de penalidades financeiras pré-definidas, também terá medidas esportivas. De acordo com a UEFA, haverá controles a cada trimestre e menos tolerância aos maus pagadores. No entanto, a entidade aumentou o “desvio aceitável” de déficit de € 30 milhões em três anos para € 60 milhões, levando em consideração todas as despesas.

A ideia é de que o novo modelo esteja em pleno funcionamento a partir da temporada 2024/2025.

Crédito imagem: UEFA

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