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UFC: da quase falência à maior venda da história dos esportes

Por Rafael Ramos e Elthon Costa

Quatro bilhões de dólares1.

Este foi o valor aproximado que a WME-IMG pagou pelo Ultimate Fighting Championship em julho de 2016. Foi o máximo para uma liga esportiva naquela data.

Apenas alguns anos antes, a organização estava à beira da falência. Em vez disso, a empresa liderada por Frank e Lorenzo Fertitta com o amigo de longa data Dana White como seu porta-voz se saiu bem em uma propriedade que comprou por US$2 milhões.

Em 2001, Lorenzo e Frank Fertitta compraram o UFC da Semaphore Entertainment. A aquisição deveu-se em parte ao velho amigo dos Fertittas, White.  O pai dos Fertitta fundou o cassino Palace Station em Las Vegas e os irmãos trabalhavam nos negócios da família. Foi White quem deu aos irmãos Fertitta a oportunidade de compra. Os Fertittas fundaram a Zuffa, LLC e adquiriram os ativos do UFC por US$ 2 milhões.

Para expandir o produto para conquistar o público, a Zuffa buscou mudanças na antiga estrutura do UFC. Eles procuraram reguladores estaduais para intervir e impor mais regras em um esporte anteriormente indisciplinado. Algumas mudanças incluíam adicionar divisões de peso e proibir alguns movimentos para segurança do lutador. Embora o sucesso não tenha sido imediato, o MMA cresceu em popularidade à medida que mais fãs começaram a praticar o esporte.

Levou vários anos e, a certa altura, porque os irmãos Fertitta estavam perdendo muito dinheiro, eles pediram a White que encontrasse um comprador para o evento em dificuldades. Mas White persistiu obstinadamente, facilitando mudanças de regras, e, mais importante, criando um marketing que elevou o UFC a um evento esportivo profissional mais sofisticado. White também contratou o comediante Joe Rogan para atuar como comentarista, o que eventualmente resultaria em Rogan, como White, se tornando uma estrela não-combatente do UFC.

Em 2005, o UFC fez seu caminho para a transmissão a cabo quando se juntou à Spike TV para apresentar o The Ultimate Fighter (TUF), que colocou os lutadores em uma casa em Las Vegas para lutarem uns contra os outros por um contrato de seis dígitos altamente cobiçado com o UFC. Em uma época em que os reality shows estavam em alta demanda, principalmente o gênero que obrigava as pessoas a morarem em uma única casa a lá Big Brother Brasil, o UFC fez um excelente apelo tanto no atendimento da demanda do mercado por competições “reais”, quanto no uso de TV a cabo como meio de transmissão ao invés do pay-per-view.

O TUF introduziu os telespectadores da TV a cabo ao MMA, gerando um novo público com enorme potencial publicitário. O evento final da primeira temporada, com Randy Couture e Chuck Liddell atuando como treinadores, viu Forrest Griffin derrotar Stephen Bonnar, embora ambos os homens acabaram recebendo contratos com o UFC. Griffin e Bonnar foram finalistas ideais, ambos homens simpáticos com personalidade e charme que fizeram uma luta incrível que encantou o público. Essa luta “catapultou” o UFC para um novo patamar, mudando-o de um local marginal que apenas os fãs que já conheciam o MMA assistiam, para uma plataforma de esporte mainstream. O Ultimate Fighter continuaria por dezenas de temporadas, sediado nos Estados Unidos, China, Brasil, América Latina, e uma temporada que colocou lutadores australianos contra lutadores do Canadá. Mas aquela primeira temporada realmente mudou a trajetória do UFC e do MMA, a ponto de alguns fãs menos informados começarem a se referir ao esporte como UFC, principalmente por começarem a fazer a famosa pergunta: “você treina UFC?”.

A Zuffa vendeu o UFC por US$ 4 bilhões em 2016 para a agência de talentos WME-IMG, que mudou seu nome para Endeavor. Além de apostadores como Dana White, a Endeavor realizou um movimento único ao atrair um grupo de investidores famosos, incluindo Mark Wahlberg e a supermodelo Gisele Bündchen.

O MMA provavelmente é o esporte que mais cresce no mundo, e com toda a certeza não teria sucesso no mesmo grau se tivesse nascido noutro lugar além dos EUA, porque os EUA amam os seus esportes, especialmente os esportes profissionais grandes e bem-sucedidos comercialmente, devido à máquina multibilionária que os atende.

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REFERÊNCIAS:

Elthon José Gusmão da Costa é Advogado trabalhista e desportivo; Pós-graduado em Processo Civil pela Faculdade Unileya e Pós-graduando em Direito Desportivo pelo Complexo Educacional Renato Saraiva (CERS)

JENNINGS, L. A. Thailand. Mixed martial arts: a history of ancient fighting sports to the UFC. United Kingdom: The Rowman & Littlefield Publishing Group, Inc, 2021. 226p. ISBN 9781538141953.

CRUZ, Jason J. Mixed Martial Arts and the Law: Disputes, Suits and Legal Issues. 1ª. ed. North Carolina, EUA: McFarland & Company, Inc., Publishers, 2020. 212 p. ISBN 978-1-4766-7930-3.

1 ISIDORE, Chris. UFC owners turn $2 million into $4 billion. Inmoney.cnn.com. Site. Disponível em: https://money.cnn.com/2016/07/11/news/companies/ufc-sold/. Acesso em: 9 mar. 2022.

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