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UFC – um exemplo a ser seguido

O último evento da maior organização de luta do mundo ficou marcado como o primeiro evento de MMA que foi fechado ao público. O UFC Fight Night 170 que aconteceu em Brasília, teve apenas os lutadores e organizadores no Ginásio Nilson Nelson (em razão da Covid-19 que está se espalhando no mundo todo).

Essas medidas visaram evitar aglomerações de pessoas e, até o momento, tem deixado grande parte da população mundial dentro de suas casas. Em razão disso, todos os torcedores e fãs do UFC acompanharam de casa as lutas do evento no Brasil.

Com a luta principal entre Charlies do Bronx x Kevin Lee, disputa essa vencida pelo brasileiro com uma finalização no terceiro round, teve também disputa feminina, sendo uma delas vencida pela brasileira Amanda Ribas, por decisão dos árbitros.

Em 2020 não causa mais estranheza que mulheres, do “sexo frágil” estejam participando de eventos de lutas, ou melhor, no maior evento de luta do mundo.  Só nesse ano tivemos oito eventos realizados até agora e, em todos eles, as mulheres lutaram no octógono. Mas não foi sempre assim.

Diferente de muitas outras modalidades esportivas, o MMA, através do Strikeforce e do UFC, é uma das modalidades que não faz qualquer tipo de distinção entre os atletas homes e mulheres. O mesmo octógono que os homens lutam é o delas, o mesmo tempo de luta é também utilizado em ambos os gêneros, bem como equipamentos e materiais esportivos.  Só como exemplo, no vôlei, as mulheres jogam com a rede mais baixa e, no atletismo, os obstáculos também têm medidas diferentes.

No futebol, por exemplo, também existe essa igualdade quanto às regras, mas com uma diferença, o UFC paga às lutadoras os mesmos valores de prêmio do que é pago aos lutadores. Sim, o tratamento é igualitário entre homens e mulheres no maior evento de lutas do mundo.

Quem diria, que tudo isso começou, em 2011, pelo strikeforce e, em 2013 no UFC. Mas como, em tão pouco tempo, as mulheres conquistaram o seu espaço em uma modalidade, até então considerada masculina (luta)? Simples, sentindo que as condições eram as mesmas, logo, aproveitaram a oportunidade e fizeram dar certo.

Vencendo preconceitos, piadas e muitas críticas, as lutadoras do UFC entraram no ringue e provaram que elas também poderiam lutar com agressividade, combate e competitividade técnica tanto quanto qualquer outro homem. O UFC conta hoje com aproximadamente 90 atletas em quatro diferentes categorias, palha (até 52 kg), mosca (até 57 kg), galo (até 61 kg) e pena (até 66 kg).

Essa ascensão de sucesso tem uma responsável, Ronda Rousey.

A americana, medalhista olímpica e do pan-americano no judô, assinou, no fim de 2012 o seu contrato com o UFC, vinda do Strikeforce, tornou-se a primeira mulher a ter o seu contrato com o maior evento de lutas do mundo. E ela não decepcionou.

Ronda, com 26 anos na época, quebrou todos os paradigmas que poderiam existir. Ela entrou no octógono e mostrou, com profissionalismo, técnica, força e muita competitividade que as mulheres poderiam ser tão boas quanto aos homens, inclusive no MMA. A lutadora chegou a ser a atleta mais bem paga do UFC.

No ano de 2013, primeiro ano das mulheres no UFC elas estiveram presentes em, ao menos 10 eventos. Nesse ano, 2020, nos oito eventos que aconteceram, elas estavam presentes em todos, sendo, como já mencionei, três lutas só no último UFC que aconteceu no Brasil.

O Brasil, que no auge no MMA, já teve seus representantes com cinturões, como, Anderson Silva, José Aldo, Renan Barão, Lyoto Machida, Maurício Rua entre outros, hoje, graças a lutadora Amanda Nunes, tem os dois únicos cinturões da organização, um pela categoria de peso galo e o outro no peso pena, além de ser a melhor lutadora peso por peso entre as mulheres.

Contrariando o próprio Dana White que, em declarações de anos atrás havia dito que as mulheres nunca lutariam no UFC, elas não só conquistaram seus espaços como, em vários eventos da organização tiveram suas lutas como as melhores e entre as principais lutas da noite.

O UFC conseguiu, em pouco tempo, perceber que as mulheres são tão boas quanto os homens em suas lutas, em seu profissionalismo e, principalmente, sob o aspecto de negócio, de vender e trazer cada vez mais investimentos e visibilidade à organização, sendo tratadas como atletas profissionais e em pé de igualdade com os homens.

Quando mencionei que o futebol não conseguia manter essa relação de igualdade, não só dentro de campo, mas fora dele também, refiro-me aos prêmios, investimentos nas bases, contratos profissionais e estruturas para elas que ainda são bem desiguais. Graças a esse momento de ascensão, nunca foi visto um movimento tão grande de mulheres buscando academias de luta como nos últimos anos.

A FIFA tem se esforçado para que o futebol invista e estimule cada vez mais o futebol feminino, fazendo com que grandes clubes tenham suas representantes em competições femininas e que o futebol praticado pelas mulheres cresça cada vez mais, entretanto, não consegue tratar o lado financeiro de forma mais parecida. A copa do mundo de futebol feminino que ocorreu na França em 2019, pagou à seleção campeã o prêmio de US$ 4 milhões, cerca de R$ 18 milhões, já na copa do mundo de futebol masculino, de 2018, na Rússia, a seleção campeã recebeu o prêmio de, aproximadamente, R$ 147 milhões, ou seja, mais de 700% a mais que elas.

Assim, não podemos esperar que a popularidade e o potencial de venda das modalidades praticadas pelas mulheres alcancem os mesmos números que os homens conseguem produzir se os incentivos e recompensas pelos esforços continuarem sendo tão desproporcionais como são.

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