Pesquisar
Close this search box.

Um atleta foi condenado à morte no Irã por defender DH. Esporte precisa agir

Mohammad Javad tem 27 anos, é campeão de boxe no país e condenado à morte por protestar contra políticas públicas do Irã. Não é o primeiro caso, mas nem por isso a comunidade internacional pode atenuar sua indignação. Nessa hora, todos precisam agir, Estados, ONGs, coletivos sociais e o esporte.

Mohammad foi preso em fevereiro de 2020 no Irã depois de participar de um protesto contra o governo, acusado pelo regime iraniano de incendiar e destruir um prédio.

Ele foi condenado à morte sem direito de defesa.

A organização não-governamental Iran Human Rights (Direitos Humanos no Irã) fez um post sobre o caso e disse que a acusação que condenou o atleta aponta supostos incêndios criminosos e destruição de prédios durante protestos que foram reprimidos de forma violenta pelo governo do Irã.

Após o lutador receber a sentença, houve mobilização nas redes sociais e foi criada uma campanha para tentar salvar a vida do atleta, com a hashtag #SaveMohammadJavad (Salvem Mohammad Javad). A jornalista e ativista iraniana Masih Alinejad, que é bastante popular no país, fez um apelo em sua conta oficial do Twitter.

“Sentença de morte para outro atleta no Irã pelo crime de protestar. Mohammad Javad, 26, é campeão de boxe. Eles o condenaram à morte por ‘espalhar a corrupção na Terra’. Não conseguimos salvar o lutador iraniano Navid Afkari. Atletas globais podem nos ajudar desta vez”, escreveu.

Em agosto de 2020, Navid Afkari, outro lutador iraniano, foi executado por enforcamento aos 27 anos – mesmo com toda a pressão global pedindo a anulação da condenação. Navid foi acusado de ter comandado um grupo contra o regime iraniano, matado um segurança e participado de forma ativa de manifestações.

Na ocasião, uma revisão de pena foi rapidamente recusada pela Suprema Corte.

O regime no Irã

A soberania do país e a liberdade religiosa devem ser sempre respeitados, entendidos e protegidos. Agora, eles jamais podem ser usados como forma de agressão e repressão a direitos inegociáveis.

O regime político do Irã é o da República Iaslâmica, onde a autoridade política é exercida por uma combinação de líderes religiosos e instituições governamentais. Portanto, o sistema de governo iraniano é influenciado pela interpretação do Islã xiita, muito ortodoxo, que desempenha um papel fundamental nas políticas, legislação e questões sociais do país.

Em função disso, muitas políticas universais de direitos humanos são desrespeitadas. Essa realidade faz com que o país seja constantemente alvo de críticas por parte de organizações internacionais e defensores dos direitos humanos.

Questões como liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade religiosa, tratamento de minorias étnicas e direitos das mulheres têm sido áreas de preocupação.

É importante ressaltar que as avaliações das políticas de direitos humanos no Irã podem variar dependendo da perspectiva. O governo iraniano muitas vezes defende suas políticas como parte de sua interpretação do Islã e de suas prioridades nacionais. Enquanto isso, organizações internacionais e defensores dos direitos humanos destacam áreas em que a melhoria é necessária para garantir o respeito pelos direitos individuais e coletivos no país.

A realidade de hoje mostra que existe uma lacuna gigante entre declarações universais de direitos humanos e a realidade de sistema político imposto. A condenação de Mohammad é mais um exemplo disso.

O atleta não teve sequer direito a defesa e provavelmente não terá direito a uma revisão da condenação.

Mas é lá no Irã, não há o que fazer. Na verdade, todos podem ajudar. Inclusive o esporte.

Política de violação a direitos humanos

A soberania do país e a liberdade religiosa devem ser sempre respeitados, entendidos e protegidos. Agora, eles jamais podem ser usados como forma de agressão e repressão a direitos inegociáveis.

Não existe direitos humanos sem o devido processo legal e um judiciário autônomo o que não me parece ter sido o caso de Mohammad. Quando um atleta se expõe, se manifesta em defesa de direitos protegidos universalmente, a causa ganha peso, força, envolve as pessoas.

Quando uma autorização estatal para matar aparece, ela não condiz com a construção efetiva de uma sociedade baseada nos direitos humanos

Papel do esporte

É fundamental que a ONU, coletivos globais e o próprio movimento esportivo exerçam mecanismos de pressão internacional dando atenção especial a vigência, eficiência e vinculação dos direitos da pessoa humana não somente na proteção de Direitos Humanos, como também Direitos Fundamentais.

Ou seja, além da comunidade internacional, da ONU, de coletivos de direitos humanos, o esporte, especialmente a Fifa e o COI, tomem ações concretas de repúdio a essa condenação. Uma das medidas seria o banimento do país de competições internacionais.

Sim, afetaria outros atletas. Mas eles poderiam competir com bandeira neutra. Não existe escolha fácil. O que existe é que o esporte não pode fechar os olhos para agressões a direitos humanos.

Esse movimento não seria uma novidade. Temos exemplos de casos em que pressões esportivas contribuíram para mudanças em regras estatais, a exemplo da participação de mulheres em eventos esportivos no próprio Irã.

Ou seja, s entidades esportivas devem reagir direta e objetivamente, tendo em conta inclusive o que traz o próprio ordenamento jurídico privado do esporte, em especial da Carta Olímpica

O esporte precisa ser sempre uma arma de resistência, de combate permanente ao racismo, homofobia, misoginia e qualquer outra violência aos direitos humanos. Para isso, ele tem que ter a coragem de assumir esses valores e topar perder países nas competições em nome da defesa de direitos humanos.

Será mesmo que as entidades esportivas estão dispostas a isso, a tornar efetiva uma política institucional?

Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo

Compartilhe

Você pode gostar

Assine nossa newsletter

Toda sexta você receberá no seu e-mail os destaques da semana e as novidades do mundo do direito esportivo.