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Um corintiano ajudou a decidir pelo adiamento de Tóquio: “Foi muito difícil”

O nome até engana, mas Andrew Parsons é brasileiro, carioca e torcedor do Corinthians. Mas o mais importante nesse momento, é uma das pessoas que que participaram da principal decisão do esporte nesses tempos de pandemia: o adiamento da Olimpíada de Tóquio 2020. O presidente do Comitê Paralímpico Internacional e membro do Comitê Olímpico Internacional contou que as conversas sobre os efeitos da pandemia para os jogos começaram ainda em 2019.

Mais precisamente, a discussão sobre os efeitos do coronavírus na Olimpíada começou no último dia de 2019, em 31 de dezembro. Foi quando o Comitê recebeu as primeiras informações sobre o COVID-19 da Organização Mundial de Saúde. Desde então, incontáveis reuniões foram feitas, e a cada uma que passava a confiança da realização dos jogos em 2020 ia se tornando menor.

No dia 24 de março foi anunciada a decisão tomada pelo Comitê Olímpico Internacional, Comitê Paralímpico Internacional e Comitê Organizador Local, com o apoio e orientação da Organização Mundial de Saúde. A Olimpíada foi adiada para julho de 2021.

Um mês depois da decisão histórica e inédita de adiamento dos jogos – as grandes guerras cancelaram olimpíadas -, ele conversou comigo e com Wladimyr Camargos no programa Preleção de Ideias do Lei em Campo no Youtube. E fez uma confissão: disse que até “fevereiro imaginava que ainda haveria um caminho possível para a realização dos jogos”.

Além dos compromissos contratuais, da importância histórica dos jogos, o ciclo olímpico dos atletas e o efeito cascata no calendário dos eventos esportivos eram questões importantes que tinham muito peso na discussão. Mas a principal questão levantada nas reuniões quase diárias “era a segurança de todos os envolvidos nos jogos.”

Um mês depois da decisão, ele confirma: “foi a decisão mais difícil que o Comitê já tomou”.

Tudo que o Comitê viveu desde esse 31 de dezembro de 2019 está sendo registrado. Informações, discussões, ações e consequências. A ideia é montar um guia que poderá servir de auxílio caso outra grande crise ocorra, “isso pode servir para que no futuro se possa usar essa experiência como aprendizado”, disse Andrews.

Sobre o efeito cascata do adiamento dos jogos, Andrew confirmou: ‘muitos eventos ainda serão remarcados. Estamos analisando todos os cenários, mas isso é inevitável”.

O adiamento trouxe um prejuízo financeiro gigante ao movimento olímpico. Andrew ainda não tem os todos os números, até porque vários contratos estão sendo renegociados. “É preciso ajustar fluxo de caixa. Tudo isso é novidade, já que nunca aconteceu com ninguém”.

Andrew confirmou que o compromisso do Comitê organizador é de realizar os jogos até o meio do ano que vem. Se não for possível realizar em julho do ano que vem por conta do coronavírus, a Olimpíada pode mudar de sede ou ser cancelada, “só faremos eventos se dermos condição de saúde a todos os envolvidos”

Parsons nasceu no Rio de Janeiro, mas com 2 anos se mudou para São Paulo. Apaixonado por esportes, rock e pelo Corinthians.

Em 2012, ele esteve no Japão e comemorou o gol de Guerrero e o título mundial no meio da Fiel. Já levou a filha para a Arena corintiana com a camisa que ele costumava assistir aos jogos quando criança: “Corinthians é minha identidade”, disse ele.

Agora, esse corintiano tem uma missão difícil pela frente. E tem trabalhado muito. Diariamente conversa com vários países filiados ao movimento olímpico. Desde a decisão do adiamento já conversou com todos, 183 países. E para todos passou a mesma mensagem: “Tóquio será o símbolo maior de que vencemos o vírus”.

Não duvide desse ex-roqueiro, que com 33 anos assumiu o Comitê Paralímpico Brasileiro, tornou o Brasil modelo de inclusão pelo esporte, virou referência na gestão esportiva para o mundo e, aos 40 anos, assumiu o Comitê Paralímpico Internacional. E, hoje, 3 anos depois, está à frente das principais decisões do mundo olímpico.

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