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Volta do Taleban ataca direitos humanos e acesso de mulheres à educação e ao esporte no Afeganistão

A volta do Taleban ao poder no Afeganistão representa muito mais do que uma derrota das forças norte-americanas que estavam no país há quase 20 anos. É uma derrota das minorias, dos direitos humanos, das mulheres e de todos que buscam um mundo mais igual e livre. Claro que o esporte também sofre uma perda gigante.

A seleção paraolímpica do Afeganistão não irá participar dos Jogos de Tóquio, que terão início no dia 24, devido à impossibilidade de viajar ao Japão por conta da situação de instabilidade do país após a tomada do poder pelo Taleban. “A delegação do Afeganistão não está em condições de participar” dos Jogos Paralímpicos na capital japonesa, afirmou nesta segunda-feira o diretor-executivo da Tóquio 2020, Toshiro Muto, em entrevista coletiva na qual destacou que “a situação tensa” no país “é a razão da inviabilidade de vir” à competição esportiva.

A situação é triste e trará consequências sérias ao esporte, principalmente entre mulheres.

Nilofar Bayat é uma das milhares de mulheres afegãs que temem por seu futuro desde que o Taleban assumiu a capital Cabul e já controla o país. Bayat, capitã do time de basquete em cadeira de rodas, conseguiu entrar em contato com a Federação Espanhola de Basquete para pedir ajuda para sair do Afeganistão, em meio à incerteza e ao caos, informou o diário Marca.

Quando ela tinha dois anos, um míssil atingiu seu quintal quando ela e seu irmão estavam brincando. Seu irmão faleceu e ela sofreu uma lesão na medula espinhal. Ela ficou internada no hospital por um ano e teve que ser operada várias vezes.

No entanto, o esporte permitiu que ele continuasse. Nilofar jogou sua primeira partida de basquete em uma quadra no centro de Cabul, cercado por espectadores, a maioria homens, que gritavam com ele e gritavam com ele.

Se antes o sonho dela era participar de uma Paralimpíada, agora, diante da presença Taleban, o principal objetivo passou a ser fugir do país, “Não posso sair e sei que não estou segura aqui. O Taleban vai me matar. Eles não gostam de mulheres como eu”, disse o atleta ao VICE World News.

Nilofar Bayat não sabe se poderá jogar basquete novamente.

O que é o Taleban?

A palavra Taleban significa “estudantes” em pashto (uma das línguas faladas no Afeganistão). Esse grupo de orientação sunita foi formado por ex-guerrilheiros conhecidos como mulahidins no início dos anos 90. Eles tinham participado do confronto contra forças soviéticas no país, com o apoio militar e financeiros dos Estados Unidos.

Desde a criação, o objetivo do Taliban era impor uma lei islâmica, que os integrantes interpretavam de sua maneira, no país.

Rapidamente, em 1996, o Taleban ganhou controle do país e o Afeganistão foi proclamado um emirado islâmico.

Nos anos seguintes, até a guerra que derrubou o regime em 2001, o grupo controlou o Afeganistão com uma interpretação dura da sharia, a lei islâmica.

Política de violação a direitos humanos

A soberania do país e a liberdade religiosa devem ser sempre respeitados, entendidos e protegidos. Agora, eles jamais podem ser usados como forma de agressão e repressão a direitos inegociáveis.

O Talieban, numa leitura radicalmente restritiva do Islamismo, historicamente ataca direitos protegidos universalmente. De acordo com grupo, as mulheres têm uma posição diferente dos homens, tendo privada a liberdade, a possibilidade de praticar esporte e até o acesso das meninas às escolas.

Ou seja, se ataca o presente e o futuro das mulheres.

A ONU já tem recebido relatos de que mulheres e meninas já não podem deixar suas casas e circular pelas ruas e locais públicos sem um Mahram, um acompanhante masculino. A entidade acredita que essas restrições têm um sério impacto nos direitos das mulheres, incluindo o direito à saúde e educação.

Impedir a mulher de sair de casa sem um acompanhante masculino também leva a uma série de outras violações dos direitos econômicos e sociais da mulher e de sua família. O esporte está no meio dessas privações.

A realidade de hoje, e daquela que se viveu sob às ordens do grupo, mostra que existe uma lacuna gigante entre declarações universais de direitos humanos e a realidade de sistema político imposto.

Papel do esporte

É fundamental que a ciência, a ONU, coletivos globais e o próprio movimento esportivo exerçam mecanismos de pressão internacional dando atenção especial a vigência, eficiência e vinculação dos direitos da pessoa humana não somente na proteção de Direitos Humanos, como também Direitos Fundamentais.

Pelo que se vê, lê, se ouve e já se sabe, o caminho é distante e difícil para que o Estado islâmico no Afeganistão possa ser moldado na silhueta e na culturalidade da pessoa humana. Mas é fundamental ajudar mulheres e minorias para que o regime respeite liberdade e o simples direito de escolha. Inclusive o de praticar e viver de esporte.

Crédito imagem: Reprodução

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