A NFL quer conquistar o mundo

A NFL encerrou, no último dia 12 de novembro, a já tradicional série de partidas disputadas anualmente na Europa, parte de um constante esforço de internacionalização da liga que é líder de popularidade nos Estados Unidos.

Em 2023, foram 5 os jogos realizados em território europeu, sendo 3 deles na cidade de Londres, em Wembley e no estádio do Tottenham, e 2 na Alemanha, ambos em Frankfurt.

Como apontamos em texto anterior da coluna, desde que New York Giants e Miami Dolphins se enfrentaram em Wembley no ano de 2007 para um público de 80.000 pessoas, Londres se tornou destino certo para ao menos um jogo da NFL a cada ano.

De acordo com a liga, somente 3% dos torcedores que compram ingressos para assistir o futebol americano in loco na Inglaterra são norte-americanos ou expatriados norte-americanos, enquanto 22% são provenientes da própria Londres e outros 60% vêm de outras partes da Grã-Bretanha.

Mas engana-se quem imagina que a série de partidas internacionais da NFL foca somente na Europa.

O ano de 2016 marcou a entrada do México nesse calendário. Daí em diante, os mexicanos só deixaram de sediar alguma partida em 2020 e 2021, por conta da Covid-19, e em 2023, por força da ampliação da quantidade de partidas disputadas no “Velho Continente”.

O primeiro jogo realizado na Alemanha ocorreu em Munique no ano passado. Com ingressos esgotados e enorme demanda, a NFL ampliou a passagem por terras germânicas neste 2023, em um claro sinal de que o projeto vingou.

Tal projeto, na verdade, deriva também da cooperação institucional iniciada em 2020 entre a liga de futebol americano e a Deutsche Fußball Liga (DFL).

A origem desse relacionamento se deve ao fato de a Bundesliga ter sido a primeira das principais ligas esportivas do mundo a retomar as atividades competitivas durante a pandemia.

Quando a NFL decidiu reiniciar os jogos em meio à crise sanitária e de saúde que assolava o planeta, a DFL foi uma espécie de consultora oficial. Desde então, a parceria se aprofundou, culminando com a assinatura de um memorando de entendimentos em 2022.

Nesse cenário, a NFL e a DFL trocam informações e know-how comercial, em uma dinâmica de ganha-ganha que merece ser replicada.

Como apontou o jornalista Sebastian Stafford-Bloor em matéria no The Athletic, o jogo entre o atual campeão Kansas City Chiefs e o Miami Dolphins em Frankfurt, no dia 05 de novembro, “foi uma orgia de QR codes, merchandise e [ofertas de] parceiros comerciais preferenciais. Durante os intervalos, [eram atirados] sacos de tortilhas na multidão com um canhão de ar e raramente havia um momento em que os fãs não estivessem competindo para aparecer no telão ou sendo instados a fazer barulho. É muito divertido. Sedutor, até. A NFL quer que você goste tanto [do espetáculo] que, ao longo de três horas de jogo, fique difícil resistir”.

Em suma, iniciativas como essa permitem que a NFL explore novos mercados e que os clubes da Bundesliga aprendam as melhores técnicas de como fazer o mesmo, o que não deixa de ser uma forma criativa de competir com a mais endinheirada Premier League ou com a mais badalada La Liga.

Há quem cogite da possibilidade de uma franquia e mesmo de uma divisão da NFL sediadas fora dos Estados Unidos. Sonho distante? Provavelmente.

Porém, o que agitou o nosso noticiário nos últimos dias, de fato, foram os novos pronunciamentos quanto ao interesse da liga em trazer jogos para o Brasil, país que está no radar da NFL já há algum tempo.

A audiência do Super Bowl cresceu por aqui quase 200% de 2021 para 2022 e o país é visto como um mercado consumidor estratégico para a expansão continental da liga.

A RedeTV!, que fechou contrato de exclusividade para transmissões do futebol americano na TV aberta até 2025, contou, na edição de 2023 do Super Bowl, com o apoio de grandes anunciantes, como Diageo, Vivo, Popeyes, Sky, New Era, Amazon e Apple.

Além disso, o NFL in Brasa, primeira live experience oficial da NFL no Brasil e maior evento vinculado ao Super Bowl produzido fora dos Estados Unidos, foi um sucesso, com experiências gastronômicas, sensoriais e musicais que exploraram a atmosfera do futebol americano.

Conforme apuração do Estadão, o Miami Dolphins seria a franquia mais interessada em realizar um de seus jogos em 2024 na cidade de São Paulo. Representantes da liga, inclusive, já teriam vistoriado o Allianz Parque, o Morumbi e a Neo Química Arena com esse objetivo.

O principal concorrente do Brasil seria a Espanha. Peter O’Reilly, vice-presidente executivo da NFL, declarou em entrevista para um podcast da ESPN que a liga “está passando tempo nesses mercados, estabelecendo relações e analisando os estádios”.

Segundo dados do Ibope Recupom, havia, há 10 anos, 3 milhões de brasileiros que se declaravam fãs da NFL. Esse número saltou para 35,4 milhões em 2023.

Enfim, o voo da bola oval em algum estádio do Brasil parece questão de tempo.

Teria o futebol americano condições de replicar o apelo universal do basquete, tão bem explorado pela NBA? Difícil responder, mas fascinante de acompanhar.

Seja como for, não resta mais nenhuma dúvida: a NFL quer conquistar o mundo! E o Brasil é parte relevante desse plano ambicioso.

Crédito imagem: Alex Grimm via Getty Images

Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo

Compartilhe

Share on whatsapp
Share on telegram
Share on twitter
Share on facebook
Share on linkedin
Share on email

Últimas Notícias

Colunas

Seções

Assine nossa newsletter

Toda sexta você receberá no seu e-mail os destaques da semana e as novidades do mundo do direito esportivo.