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Em que estaremos de olho na nova temporada da NFL

Começou a NFL em 2023!

A bola oval já voou na última quinta-feira, dia 07 de setembro, com a vitória do Detroit Lions sobre o atual campeão Kansas City Chiefs.

E, assim como fizemos em 2022, é chegado o momento de destacar os temas nos quais estaremos de olho ao longo da nova temporada.

Direitos de transmissão

Se em 2021 a NFL foi responsável por 75 das 100 transmissões mais assistidas nos Estados Unidos, esse número subiu para 82 no ano passado, o que gera boas expectativas em relação à audiência da competição em 2023.

Naturalmente, o aumento no interesse do público se traduziu na valorização dos acordos comerciais de longo prazo que a NFL possui com seus parceiros de mídia, os quais garantirão à liga, até 2033, mais de US$ 100 bilhões.

Em valores anuais, a CBS paga US$ 2,1 bilhões pelos jogos de domingo à tarde da conferência AFC, enquanto a Fox coloca US$ 2,25 bilhões nos jogos de mesmo dia e horário da conferência NFC. A NBC destina US$ 2 bilhões ao Sunday Night Football e a Disney (ESPN/ABC) investe US$ 2,7 bilhões no Monday Night Football.

Além dos grupos de comunicação da “velha guarda”, novos atores do mercado fizeram suas ofensivas em relação às transmissões do futebol americano, como já abordamos aqui na coluna.

De um lado, a Apple “abocanhou”, por US$ 50 milhões anuais, o show do intervalo do Super Bowl.

De outro lado, a Amazon, que estreou no ano passado a transmissão exclusiva do Thursday Night Football em contrato válido até 2032, transmitirá, gratuitamente, o primeiro jogo da NFL em uma Black Friday, dia seguinte ao Thanksgiving, data em que os norte-americanos, habitualmente, assistem partidas da NFL ao longo do dia.

Há, ainda, grande ansiedade pela estreia das transmissões do chamado Sunday Ticket pelo YouTube, da Google, no âmbito de um contrato de múltiplas temporadas que renderá à liga cerca de US$ 2 bilhões anuais. Até então, essa cobertura era feita pela AT&T, por meio da DirecTV (televisão via satélite).

Por fim, entra em cena a DAZN, que teria investido aproximadamente US$ 1 bilhão para distribuir, por uma década, o serviço Game Pass International. Tal operação, a propósito, já está em andamento no Brasil.

Evidentemente, a chegada de poderosos concorrentes oriundos do universo digital exigiu que os antigos “caciques” se movimentassem em direção ao streaming. Com isso, teremos jogos destinados exclusivamente à ESPN+ (Disney) e ao Peacock (NBC).

Por fim, a temporada 2023 será a segunda transmitida pela NFL+, plataforma que veicula os jogos e conteúdos da liga em dispositivos móveis.

É a batalha pela atenção do fã alcançando os patamares mais altos de todos os tempos.

Contratos gigantescos

Por falar em “mais altos de todos os tempos”, alguns contratos assinados recentemente na NFL dividiram as manchetes com os contratos assinados por Messi nos Estados Unidos e com os contratos assinados por jogadores que migraram do futebol europeu para o Oriente Médio.

O fato é que, como abordamos em texto anterior, os atletas do futebol americano nunca asseguraram tanto dinheiro quanto na temporada 2023.

Quem “puxa a fila” é o quarterback Joe Burrow, do Cincinnati Bengals, que receberá US$ 275 milhões por cinco temporadas, o maior salário anual da história da NFL.

Em valores totais, o recorde permanece sendo a extensão de dez anos assinada em 2020 por Patrick Mahomes com o Kansas City Chiefs, no valor de US$ 450 milhões. Somando-se tal extensão aos valores que o atual MVP e campeão já tinha a receber, o contrato dele alcançará US$ 503 milhões no total.

Embora o atual cenário econômico seja desfavorável para os running backs, o que comentamos há algumas semanas, quarterbacks e defensores de elite nunca foram tão bem remunerados.

Relativamente ao primeiro grupo, basta ver quanto ganharão Justin Herbert (US$ 52.5 milhões, Los Angeles Charges), Lamar Jackson (US$ 52 milhões, Baltimore Ravens), Jalen Hurts (US$ 51 milhões, Philadelphia Eagles) e Russell Wilson (US$ 50 milhões, Denver Broncos).

No segundo grupo, Quinnen Williams (US$ 96 milhões por quatro temporadas), companheiro de Aaron Rodgers no New York Jets, ingressou no rol das maiores remunerações anuais já vistas para jogadores de defesa na NFL, juntando-se a Aaron Donald (US$ 31,66 milhões por ano, Los Angeles Rams) e aos irmãos Bosa.

Agora o defensor mais bem pago de todos os tempos, Nick Bosa assinou com o San Francisco 49ers um contrato de US$ 170 milhões por cinco temporadas (US$ 122,5 milhões garantidos). Joey Bosa, que vem recebendo, desde 2020, US$ 135 milhões, embolsou US$ 78 milhões logo na assinatura do acordo válido até 2025 com o Los Angeles Charges (US$ 102 milhões garantidos).

Tais cifras saltam aos olhos e têm como efeito colateral uma grande pressão sobre esses atletas, “obrigados” a manter um desempenho excepcional em campo.

Mas não se iluda! A pressão extrapola os gramados e se faz sentir também sobre os dirigentes responsáveis por “assinar os cheques”.

Apostas esportivas

As apostas esportivas continuarão no olho do furacão em 2023.

Desde que, assim como outras ligas norte-americanas, a NFL passou a “abraçar” o segmento, os números só crescem.

Segundo dados da IEG, o mercado de apostas (US$ 260 milhões) só perde para o de tecnologia (US$ 395 milhões) quando o assunto são as receitas geradas para as franquias da liga, tendo passado à frente de ramos tradicionais como bebidas (US$ 211 milhões), telecomunicações (US$ 163 milhões) e seguros (US$ 133 milhões).

Na atualidade, 25 das 32 equipes possuem contratos com alguma entidade desse mercado.

Porem, ao passo que os números crescem, crescem também os riscos à integridade do esporte e a necessidade de conscientização, regulação e fiscalização.

Há poucos meses, um membro da comissão técnica do New York Jets, jogadores do Washington Commanders e atletas e funcionários do Detroit Lions foram punidos por violarem alguma regra atinente a apostas esportivas. E ainda ecoa o notório episódio da suspensão do recebedor Calvin Ridley, impedido de disputar a temporada passada pelo Atlanta Falcons depois de um escândalo de apostas em 2021.

Qualquer novo incidente nesse sentido poderá ter efeitos devastadores para a liga em uma temporada que tende a ser emblemática no que se refere ao “casamento” entre a NFL e o mundo das apostas esportivas. O motivo? O próximo Super Bowl será sediado em Las Vegas…

Uma nova direção para a franquia de Washington

Após anos conturbados na capital dos Estados Unidos, os torcedores do Commanders respirarão novos ares a partir da temporada 2023.

Adquirida pelo valor de US$ 6,05 bilhões por um grupo de investidores capitaneado por Earvin “Magic” Johnson e Josh Harris, proprietário do Philadelphia 76ers e acionista do Crystal Palace (Premier League), a franquia de Washington finalmente se viu livre do controverso Dan Snyder.

Acusado de assédio sexual e de criar uma cultura altamente tóxica no ambiente de trabalho da equipe, Snyder chegou a ser multado em US$ 60 milhões pela NFL antes de se ver forçado a deixar a “confraria” de donos bilionários que caracteriza a liga.

Com os novos proprietários, o Washington Commanders já garantiu o patrocínio da Verizon e o retorno de um parceiro de peso, a Anheuser-Busch InBev, além da chegada da Sire Spirits, marca de bebidas alcoólicas do rapper 50 Cent.

Perdoem a brincadeira, mas talvez seja mesmo necessário bastante álcool para “desinfetar” o rastro deixado por Dan Snyder.

Inclusão e diversidade

Em março deste ano, o jornalista Jim Trotter revelou que não teria o seu contrato renovado com a NFL. Como Trotter questionara publicamente o Comissário Roger Goodell sobre temáticas relativas a diversidade, equidade e inclusão, muita gente “ligou os pontos”.

No contexto da ação movida pelo ex-treinador do Miami Dolphins, Brian Flores, sob a alegação de práticas discriminatórias em processos de contratação ao redor da liga, estaria a NFL vivendo um retrocesso nesse particular?

O Boletim Racial e de Gênero feito pelo Instituto de Diversidade e Ética no Esporte (TIDES) concedeu à NFL, em 2022, uma nota “B+” relativamente ao aspecto de contratação de profissionais de minorias raciais, reconhecendo um pequeno avanço nas práticas de contratação de minorias de gênero (a nota passou de “C+” para “B”).

Por outro lado, segundo levantamento da Revelio Labs, a NFL, dentre as principais ligas esportivas dos Estados Unidos, é a que tem a maior disparidade entre jogadores e membros de comissões técnicas no que se refere à questão racial. Na temporada 2023, somente Mike Tomlin (Pittsburgh Steelers), Todd Bowles (Tampa Bay Buccaneers) e DeMeco Ryans (Houston Texans) são treinadores negros à frente de uma equipe.

Em uma liga na qual cerca de 60% dos atletas são negros, é preciso mais do que isso para que consigamos enxergar a superação de estigmas que só fazem mal ao esporte e à sociedade.

A conquista de novas fronteiras

No ano de 2007, New York Giants e Miami Dolphins se enfrentaram no estádio de Wembley, em Londres, para um público de 80.000 pessoas. A partir daí, a capital da Inglaterra se tornou destino certo para ao menos uma partida da NFL a cada temporada, sempre com grande sucesso de público.

Em 2022, a liga marcou para Munique, na Alemanha, o duelo entre o Tampa Bay Buccaneers e o Seattle Seahawks. Com os ingressos esgotados e uma demanda exponencial, a NFL inseriu no calendário da temporada de 2023 não um, mas dois jogos em terras germânicas, desta vez no estádio Deutsche Bank Park, em Frankfurt.

Novamente, os torcedores compraram, em poucos minutos, todas as entradas para os confrontos Miami Dolphins x Kansas City Chiefs e Indianapolis Colts x New England Patriots no mês de novembro.

Fala-se na possibilidade de uma franquia e mesmo de uma divisão da NFL estarem sediadas fora dos Estados Unidos, mas esse futuro ainda parece distante. No entanto, será que veremos, este ano, o anúncio oficial de algum jogo em outras paragens que não a América do Norte ou a Europa?

O Brasil está no radar. A liga, que viu a audiência do Super Bowl crescer por aqui quase 200% de 2021 para 2022, entende o país como um mercado consumidor estratégico para a expansão de suas fronteiras. Sonhemos, pois.

Por ora, só podemos “apertar os cintos”, ligar a TV (ou o aplicativo) e curtir, até fevereiro do ano que vem, o espetáculo de conquista de jardas (e cifras) que é a NFL.

Boa temporada!

Crédito imagem: NFL/Divulgação

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