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Entenda que punições preparador físico que agrediu Pedro, do Flamengo, pode receber pela Justiça Desportiva

O clima ficou quente no vestiário do Flamengo após a vitória de virada sobre o Atlético-MG, neste sábado (29), em Belo Horizonte, pelo Campeonato Brasileiro. O atacante Pedro foi agredido com um soco no rosto pelo preparador físico Pablo Fernández no vestiário do Independência.

Após ser agredido, Pedro registrou um boletim de ocorrência contra o profissional da comissão técnica de Sampaoli e passou por exame de corpo de delito. De acordo com diversos veículos de imprensa, os jogadores do Flamengo cogitam não treinar se Pablo Fernández estiver no CT na segunda-feira (31).

Mais cedo, falamos sobre os desdobramentos trabalhistas que o caso pode ter. Agora, chegou a hora de falar sobre as consequências na Justiça Desportiva.

Importante lembrar que os membros de comissão técnica são jurisdicionados da Justiça Desportiva. Portanto, estão sujeitos às previsões previstas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva, o CBJD.

O advogado especializado em direito desportivo Carlos Ramos lembra que a agressão física poderia ser enquadrada no art. 254-A, com suspensão de quatro a doze partidas. Ocorre que o referido dispositivo trata de agressão cometida “durante a partida” e o episódio teria se passado no vestiário.

Sendo assim, no máximo, o preparador físico poderia ser denunciado com base no art. 258, que trata de “assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código”, com possibilidade de suspensão de uma a seis partidas. “Não obstante, pessoalmente entendo que este último tipo infracional deve ser evitado ao máximo, pois muito aberto e indeterminado. Como o episódio ocorreu no vestiário após o término da partida, que é um espaço privado e reservado do clube, a denúncia perante a Justiça Desportiva deve ser evitada, ficando o preparador físico sujeito às repercussões criminais e/ou internas do empregador, especialmente trabalhistas”, destaca o advogado.

A advogada especializada em direito desportivo Fernanda Soares entende que o preparador físico “pode vir a ser denunciado por infração ao artigo 254A, que pune aquele que pratica agressão física com suspensão de 4 a 12 partidas. Ainda, prevê o artigo que, se da agressão resultar lesão corporal grave, atestada por laudo médico, a pena será de suspensão de 8 a 24 partidas.”

No entanto, ela lembra que é possível que a procuradoria avalie se vale a pena apresentar a denúncia nesse caso concreto, já que noticias dão conta de que o preparador físico já foi demitido pelo clube. Mesmo assim, é possível a apresentação da denúncia. “Caso condenado, o preparador deverá cumprir a pena aplicada se atuar na comissão técnica de qualquer clube no Brasil”, destaca Fernanda.

Entenda o caso

Após as entradas de Luiz Araújo e Everton Cebolinha, Sampaoli ainda teria mais uma substituição, que foi utilizada com a entrada de Thiago Maia na vaga de Filipe Luís. Pablo Fernández não gostou de ver Pedro sentado no banco de reservas e fez cobranças ríspidas ao jogador assim que entrou no vestiário visitante do Independência.

O argentino disse que o fato de Pedro não permanecer na área de aquecimento foi uma falta de respeito. Pedro retrucou que quem não tem respeito por ele é a comissão técnica de Sampaoli, alegando que o tratamento recebido não é correto e que está sendo minado desde o início do trabalho. Fernández então respondeu desferindo um soco na boca do atleta.

Pedro registrou um Boletim de Ocorrência contra o preparador físico. Além disso, o jogador passou por exame de corpo de delito, que constatou lesões leves na boca e no rosto. Diante disso, foi feito um termo circunstanciado – que é realizado quando o crime cometido é de menor potencial.

O camisa 9 do Flamengo usou suas redes sociais para fazer um desabafo sobre o ocorrido. Ele diz que vem sofrendo covardia psicológica no clube nas últimas semanas. Além disso, Pedro detonou o preparador físico, a quem chamou de covarde pela agressão.

“Poderia estar aqui falando dos escassos minutos recebidos nos últimos jogos, mas o que aconteceu hoje foi mais grave do que pode acontecer dentro das quatro linhas. Covardemente, sem motivo e inexplicavelmente, fui agredido, com um soco no rosto, por Pablo Fernández, membro da comissão técnica do Sampaoli. A covardia física se sobrepôs diante da covardia psicológica que tenho sofrido nas últimas semanas”, escreveu.

“Alguém que se acha no direito de agredir o outro não merece respeito de ninguém. Já passei por muitas provações aqui no Flamengo, mas nada se compara com a covardia sofrida hoje. agressão física pode resolver qualquer problema. Obrigado, Jesus, pelo ensinamento, dando a outra cara. Pai e mãe, obrigado pela educação que me deram”, acrescentou.

Crédito imagem: Marcelo Cortes/Flamengo

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