O futebol recebeu, na última segunda-feira, 15 de abril, um dos poucos momentos em que um sopro de esperança renova a possibilidade de uma gestão mais profissional, transparente e ética no esporte. O exemplo veio da FIFA, precisamente do Comitê de Ética da instituição.
José Maria Marins (ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol na gestão 2012-2015) foi condenado pela Justiça americana por crimes de lavagem de dinheiro, fraude bancária, aceite de suborno em contratos da Libertadores da América e da Copa América. Ainda, em decisão anunciada nessa segunda, no campo institucional (Comitê de Ética da FIFA) foi sentenciado ao pagamento de multa de 1 milhão de francos suíços, além de ser banido para sempre de qualquer atividade relacionada ao futebol.
O banimento do cartola do futebol com uma punição pesada e exemplar de que o esporte estava precisando aconteceu. Será que os gestores do esporte continuarão acreditando na existência de impunidade?
Muito se falou no Brasil sobre a esperança por justiça quando a população assistiu à condenação de várias pessoas influentes. Até pouco tempo atrás, raros eram os políticos, empresários, banqueiros condenados pela Justiça no Brasil – nem sequer eram presos. As transformações começaram a mudar de uns anos pra cá. Mensalão e Lava Jato são exemplos conhecidos.
Os casos investigados e processados pelo FIFA-Gate (nome dado aos casos de corrupção investigados na FIFA) seriam, assim como a Lava Jato está sendo para o Brasil e o Watergate foi para os Estados Unidos, o marco da transformação da gestão do futebol no mundo.
É o que os amantes do esporte esperam.
Acompanhamos as punições nos EUA, na FIFA. Mas não há movimento voltado à punição das autoridades brasileira da administração pública e do futebol. Será que é por falta de vontade ou por falta de previsão legal, ou os dois?
Como já abordei em algumas oportunidades, a nova Lei Geral do Esporte, Projeto de Lei n.º 68/2017, que tramita no Senado, cujo relator é o Dr. Wladimyr Camargos, já prevê a tipificação de corrupção privada como crime e será fundamental para que os exemplos dados pelos países estrangeiros sejam também possíveis aqui no Brasil. O artigo do Dr. Euler Barbosa “A nova Lei Geral do Esporte” para o portal Lei em Campo trata exatamente do projeto encabeçado pelo professor Wladimyr.
Os dirigentes do futebol brasileiro mudarão de postura diante dos bons exemplos?
As mudanças estão acontecendo. A nova gestão da CBF, em seu discurso de posse, mostrou um comprometimento que nunca se viu no quesito gestão profissional e ética. Grandes mudanças exigem profissionais sérios e com coragem. Já foi criado o código e comitê de ética. Infelizmente, a cultura do “fazer o certo porque é certo” ainda está distante da nossa realidade, mas a transformação foi prometida. É aguardar. E cobrar.