Pesquisar
Close this search box.

MMA em Harvard? O caso Ngannou

A jornada do atleta de MMA Francis Ngannou, de sem-teto a campeão do UFC, tem sido digna de destaque no cenário mundial dos esportes de combate.

Depois de intensa disputa contratual com o UFC[1], Ngannou assinou com a PFL[2] e se tornou-se, além de lutador de MMA, boxeador profissional.

Recentemente, a docente na Harvard Business School Anita Elberse – professora de administração de empresas e especialista em esportes e entretenimento de mídia – escreveu e publicou um estudo de caso sobre a jornada profissional de Ngannou[3].

O estudo discorre sobre a jornada de Ngannou no UFC, onde, desde sua primeira luta na promoção, em 2015, rapidamente ganhou destaque no MMA, tornando-se o campeão dos pesos-pesados do evento.

Nascido no vilarejo de Batié, em Camarões, Francis Ngannou cresceu com muito pouco, sem casa, sem educação formal e sem apoio. O que lhe faltava em termos de apoio, ele compensou com grandes sonhos.

Fugindo das exigências das gangues locais, ele começou a trabalhar em minas de sal ainda criança e buscou uma vida fora da cidade que estava determinada a mantê-lo lá.

Francis começou a treinar boxe aos 22 anos de idade e, aos 26, fez a árdua viagem à França para seguir sua carreira profissional. Uma vez na Europa, ele ficou preso na Espanha por dois meses por cruzar a fronteira ilegalmente.

 Mais tarde, ao chegar em Paris, viu-se sem teto, sem dinheiro, sem amigos e sem casa. Francis conheceu o lutador e ex-UFC Francis Carmont, que o apresentou ao treinador Fernand Lopez e à academia MMA Factory. Lopez deu a Ngannou alguns equipamentos de MMA, permitiu que ele treinasse e dormisse na academia, e assim começou sua carreira.

Tendo estreado no UFC em dezembro de 2015 no evento UFC on Fox: dos Anjos vs. Cerrone II, Ngannou nocauteou o brasileiro Luis Henrique KLB no segundo round.

Nos treze meses seguintes, Ngannou pisou mais cinco vezes no cage do UFC, vencendo todas as cinco lutas, quatro delas por nocaute ou nocaute técnico, incluindo o nocaute de 92 segundos sobre o ex-campeão mundial Andrei Arlovski.

Porém, incomodado com o que ele considerava uma remuneração relativamente baixa e a natureza altamente restritiva dos contratos entre o UFC[4] e seus lutadores, ele decidiu deixar seu contrato expirar[5].

A PFL prometeu a ele um contrato mais lucrativo, uma participação acionária na PFL Africa, apoio à fundação de Ngannou e a liberdade de disputar lutas de boxe.

No entanto, a PFL é muito menos estabelecida do que o UFC, e uma mudança para longe da organização dominante provavelmente viria com uma perda de exposição.

Quando foi anunciado que Ngannou buscaria uma agência livre fora do octógono, sua decisão foi recebida com uma quantidade razoável de críticas. Ele foi acusado de se esquivar de luta contra Jon Jones, um dos maiores astros do MMA, de arruinar seu legado e, é claro, de ter corrida o risco de receber uma bolsa menor.

No entanto, após assinar com a PFL, Ngannou fez luta dura com o campeão do pesos-pesados no boxe, Tyson Fury.

A luta foi realizada em Riad, na Arábia Saudita, em 28 de outubro de 2023. Ngannou colocou Fury em apuros e o derrubou no terceiro round; no entanto, ele não conseguiu completar a tarefa e, no final, os juízes deram a vitória a Fury por uma controversa decisão dividida.

Agora, outra bolsa relevante vinda da Arábia Saudita o aguarda quando ele enfrentar Anthony Joshua, ex-campeão dos pesados no boxe, em março.

Recentemente, Ngannou foi a Harvard para contar aos alunos a sua história e como enfrentou suas questões contratuais.

A história de Francis Ngannou é uma inspiração para todos, demonstrando o poder da resiliência, da determinação e da crença inabalável em si mesmo. O estudo de caso sobre Ngannou na Harvard Business School serve como prova de seus notáveis triunfos e do impacto que ele teve dentro e fora do octógono.

Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo


[1] DA COSTA, Elthon José Gusmão. O destino de Ngannou: o UFC e a liberdade de atuação do atleta de MMA. Lei em Campo, 17 jan. 2023. Disponível em: https://leiemcampo.com.br/o-destino-de-ngannou-o-ufc-e-a-liberdade-de-atuacao-do-atleta-de-mma. Acesso em: 31 jan. 2024.

[2] COSTA, Elthon José Gusmão da. Francis Ngannou e o novo contrato com a PFL. Lei em Campo, 22 maio 2023. Disponível em: https://leiemcampo.com.br/francis-ngannou-e-o-novo-contrato-com-a-pfl/. Acesso em: 31 jan. 2024.

[3] Elberse, Anita. “Francis Ngannou.” Harvard Business School Case 524-050, December 2023. Disponível em: https://www.hbs.edu/faculty/Pages/item.aspx?num=65089.

[4] COSTA, Elthon José Gusmão da. Cláusula arbitral e renúncia a direitos trabalhistas nos contratos do UFC. Consultor Jurídico, 31 out. 2023. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2023-out-31/elthon-costa-clausula-arbitral-renuncia-contratos-ufc/. Acesso em: 31 jan. 2024.

[5] COSTA, Elthon José Gusmão da; RAMOS, Rafael Teixeira. Campeão ou prisioneiro? A polêmica cláusula do campeão no MMA. Lei em Campo, 28 mar. 2022. Disponível em: https://leiemcampo.com.br/campeao-ou-prisioneiro-a-polemica-clausula-do-campeao-no-mma/. Acesso em: 31 jan. 2024.

Compartilhe

Você pode gostar

Assine nossa newsletter

Toda sexta você receberá no seu e-mail os destaques da semana e as novidades do mundo do direito esportivo.