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Premier League dá exemplo e aperta cerco contra torcedores racistas

Às vésperas do início da temporada 2021/2022, a Premier League decidiu agir contra os recentes ataques discriminatórios que seus jogadores vêm sofrendo. A organizadora do Campeonato Inglês anunciou nesta terça-feira (10) um conjunto de ações para punir quem praticar atitudes preconceituosas contra funcionários, jogadores e árbitros. Entre as principais medidas está o banimento desses torcedores de todos os estádios.

“É uma ótima iniciativa. A ideia de impedir a presença daqueles que se autorizam a expressar o seu racismo no ambiente do jogo comunica a comunidade futebolista que esse tipo de comportamento não será aceito e incentiva que os agredidos ou que testemunham agressões, que denunciem. Também entendo como uma atitude que suporta os atletas, muitas vezes ofendidos e hostilizados por ataques racistas”, afirma Mônica Sapucaia, advogada especialista em Direitos Humanos.

“Vejo essa ação como fundamental na luta antirracista, uma vez que deixa de pensar ações para de fato executar. Quando essas associações se unem para banir esses torcedores, elas estão dando um recado claro de que casos de racismo não serão mais tolerados. Acho que a partir desse momento as pessoas vão começar a repensar essas atitudes, porque toda vez que um caso de racismo acontece e o agressor não sofre punição, outros se sentem à vontade para fazer o mesmo”, avalia Marcelo Carvalho, do ‘Observatório do Racismo’.

A nova temporada, que começa na próxima sexta-feira (13) com a partida entre Brentford e Arsenal, marcará o retorno completo dos torcedores aos estádios desde o começo da pandemia de Covid-19. Apesar do sentimento de que “o futebol não é nada sem os torcedores”, os recentes casos de abusos online levaram os jogadores a se posicionarem e cobrarem medidas efetivas das autoridades contra os criminosos.

Segundo a Premier League, as novas punições fazem parte da campanha de combate ao racismo chamada de ‘No Room for Racism’. O objetivo é dar um foco maior na identificação do comportamento criminoso dentro e fora das arquibancadas, através do sistema de denúncias de abuso discriminatório online da liga que estará em contato permanente com as autoridades policiais e os clubes. Além disso, também está previsto a adoção de medidas educacionais em torno das práticas de igualdade, diversidade e inclusão.

“Pedimos aos torcedores que se juntem a nós e aos nossos clubes para ajudar a combater a discriminação, desafiando e denunciando abusos onde quer que os vejam”, pediu Richard Masters, CEO da Premier League.

O anúncio das medidas ocorre dias após o Twitter apresentar dados de uma análise sobre abuso online contra jogadores da Inglaterra durante a Euro. A plataforma de rede social disse que removeu 1.622 mensagens com teor racista nas 24 horas após a decisão. Segundo a empresa, a maioria das mensagens foram feitas por pessoas que moram no Reino Unido.

Esse tipo de atitude se tornou comum no futebol inglês na última temporada. Após a final da competição europeia, torcedores foram às redes sociais de Rashford, Sancho e Saka, jogadores da seleção inglesa que perderam seus pênaltis, para publicar mensagens racistas. O caso gerou revolta em diferentes setores da sociedade e foi o estopim para a implementação dessas ações. Até o momento, 11 pessoas foram detidas pela polícia da Inglaterra por estarem envolvidas nos atos.

Apesar do relatório realizado pelo Twitter, a Premier League acredita que as redes sociais podem e devem fazer mais no combate ao racismo e discriminação.

“Essas entidades são empresas, logo não podem fazer política pública, mas podem e devem, em seu ambiente de atuação, criar mecanismos que impossibilitem que sua atividade seja palco de afronta aos direitos humanos”, ressalta Mônica Sapucaia.

Para Marcelo Carvalo, esse conjunto de medidas “pressionam as redes sociais para que elas passem a identificar e excluir essas ofensas da internet”.

“É preciso dar um basta para o racismo e não há nada mais forte do que proibir e punir esses agressores”, completa.

Em maio, a Federação Inglesa (FA) apelou ao governo britânico por mudanças na legislação para forçar as plataformas a tomarem medidas contra os abusos online.

Para chamar a atenção para a gravidade da situação, a federação, juntamente dos clubes e ligas do futebol inglês, se juntou para realizar um boicote das redes sociais de 30 de abril a 3 de maio.

“A Premier League e nossos clubes condenam todas as formas de comportamento discriminatório e abusivo. O compromisso de todos os clubes em aplicar as proibições em toda a Liga demonstra que não há lugar para qualquer tipo de discriminação no futebol e que continuaremos a trabalhar juntos para combater todas as formas de preconceito”, finalizou Masters.

Crédito imagem: Getty Images

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