Já escrevemos, aqui, sobre o solucionado litígio que colocou em lados opostos Luka Dončić, esloveno que é uma das maiores estrelas da NBA, e a própria mãe. Desta vez, falaremos sobre a ação movida por um conhecido atleta da NFL em face do pai e do irmão.
Trata-se de Baker Mayfield, quarterback que foi selecionado pelo Cleveland Cavaliers com a primeira escolha geral do Draft em 2018.
Hoje comandando o ataque do Tampa Bay Buccaneers, Baker cobra de seus familiares US$ 12 milhões pela suposta violação de um acordo anterior que havia sido homologado judicialmente.
O conflito gira em torno de dinheiro utilizado sem o consentimento do jogador.
Ajuizada no último dia 22 de novembro, a ação tem no polo ativo, além de Baker, sua esposa Emily e a pessoa jurídica por meio da qual o atleta gere seus negócios, a Team BRM, LLC.
No polo passivo, além de James W. Mayfield (pai) e de Matt Mayfield (irmão), estão a Camwood Capital, da qual James e Matt são, respectivamente, Diretor Administrativo sênior e Diretor Administrativo, e outras empresas (Texas Contract Manufacturing Group, Unitech Tool & Machine Inc., Apex Machining Inc. e Lor-Van Manufacturing Inc.).
Sediada em Austin, no Texas, a Camwood Capital é uma entidade de private equity destinada a fazer investimentos em outras sociedades. Dentre esses investimentos deveriam estar os US$ 12 milhões demandados no processo.
O dinheiro, porém, acabou tomando outro caminho…
Entre 2018 e 2021, os US$ 12 milhões saíram das contas pessoais do atleta e da esposa para contas da Team BRM, LLC. Até aí, nada demais.
Posteriormente, contudo, o destino do montante foram contas do Texas Contract Manufacturing Group, as quais custearam, ao bel-prazer de James e Matt Mayfield, a compra de equipamentos, despesas operacionais gerais e folhas de pagamento das empresas que são rés no processo.
Depois que Baker Mayfield tomou conhecimento dos fatos, as partes envolvidas acordaram, em janeiro de 2024, que a Camwood Capital deveria restituir à Team BRM um total de US$ 11.741.000, acrescido de juros, com o primeiro pagamento previsto para começar em setembro.
A obrigação, no entanto, não foi adimplida, assim como não foi cumprido o compromisso de prestação de contas estabelecido no acordo. O refinanciamento de um empréstimo, que também entrara no escopo das tratativas, deixou, igualmente, de ser honrado pelo pai e pelo irmão do quarterback.
Tendo assinado um contrato de um ano com o Buccaneers para ser o sucessor do aposentado Tom Brady, Baker Mayfield teve ótimo desempenho em campo na última temporada e garantiu, com isso, mais três anos à frente da equipe de Tampa.
O valor do novo contrato, acrescido das premiações, chegaria a US$ 115 milhões, dos quais US$ 50 milhões seriam garantidos (ou seja, seriam devidos mesmo se o atleta se machucasse ou deixasse de atuar por algum outro motivo).
Vista como uma volta por cima depois de anos decepcionantes em Cleveland, a passagem de Baker pelo Buccaneers não deixa de ter suas polêmicas. A maior delas envolve ninguém mais, ninguém menos do que o maior jogador de futebol americano de todos os tempos: Tom Brady.
Em uma entrevista sobre as diferenças no vestiário do time de Tampa sob o seu comando e sob o comando de Brady, Baker afirmou:
“O local era um pouco diferente com Tom Brady lá. Obviamente, em termos de jogo, Brady é diferente. Ele mantinha todos concentrados, em um ambiente tenso, então acho que todo mundo estava bem estressado. Eles queriam que eu (…) fosse eu mesmo, que trouxesse a alegria do jogo de volta para caras que não estavam se divertindo tanto”.
Em uma das transmissões das quais participou em sua nova função de comentarista de TV, Tom Brady não deixou por menos e respondeu:
“Eu achava estressante não ter anéis do Super Bowl [Brady possui sete vitórias em Super Bowls; a última, inclusive, pelo próprio Buccaneers]. Então, havia uma mentalidade de campeão que eu levava para o trabalho todos os dias. [Aquilo lá] não era uma creche. Se eu fosse me divertir, iria para a Disney com meus filhos. Há uma maneira de abordar o jogo e é com a mentalidade certa para tentar melhorar uns aos outros e para tirar o time da zona de conforto. Grandes companheiros de equipe fazem isso”.
Ciente de que só teria a perder ao comprar essa “briga”, Baker Mayfield recuou, dizendo que teria sido mal interpretado.
“Algumas coisas foram tiradas de contexto. Ele [Brady] fez do jeito dele e é por isso que tem sete anéis. Então, não há muito mais a ser dito”.
Apesar dos pesares, Baker vem deixando de lado um pouco da pecha de encrenqueiro que o acompanha desde o futebol americano universitário.
Embora tenha conquistado o Heisman, prêmio dado ao melhor jogador do College Football, o quarterback ficou marcado por discussões com comissões técnicas e por um infame episódio no qual chegou a ser preso.
Acusado de aparecer em público em um estado de intoxicação alcoólica, de adotar conduta desordeira, de resistir à prisão e de fugir após receber ordem de um policial do Arkansas, Baker, na ocasião, teve de ser derrubado, imobilizado e algemado.
Veremos, daqui em diante, se a ação movida contra o pai e contra o irmão deixará sequelas e se despertará ou não a pior versão de Baker Mayfield.
Crédito imagem: Vincent Carchietta-Imagn Images
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