Nos últimos dois meses a discussão sobre discurso de ódio e assédio no ambiente das plataformas de transmissão ao vivo levaram a Twitch.tv a sofrer com uma “greve”, que por sua vez começou a ter iniciativas para evitar esse tipo de comportamento em sua plataforma.
As Hate Raids
A revolta dos criadores de conteúdo iniciou por conta das “hate raid”.
As “Raids” foram criadas para que, quando um streamer (criador de conteúdo que foca em transmissões ao vivo) termina a sua transmissão, ele possa enviar todos os seus espectadores de uma vez para a página de outro streamer que está com uma transmissão ao vivo ativa.
Inicialmente criada para viabilizar um ciclo virtuoso dos criadores de conteúdo oferecendo apoio uns aos outros, a ferramenta começou a ser utilizada para fins maliciosos.
As hate raids ocorrem para que um grande número de pessoas entre ao mesmo tempo no canal de um criador de conteúdo para insultá-la e/ou assediá-la, normalmente em razão do machismo, racismo, homofobia, entre outros.
Já demos um exemplo de Hate Raid aqui no Lei em Campo quando falamos da toxicidade no esporte eletrônico ainda em fevereiro de 2019.
Naquela oportunidade, com o incentivo de outro criador de conteúdo, vários usuários foram direcionados para o canal Resident Evil Database na plataforma StreamCraft, no qual a Red Queen faz transmissões ao vivo, para disparar insultos, a maior parte deles, machistas.
A situação tomou proporções ainda maiores quando robôs (bots) começaram a ser criados para enviar mensagens com discurso de ódio sistematicamente para criadores de conteúdo do sexo feminino, negros e LGBTQIA+.
#ATwitchDayOff – Boicote contra o discurso de ódio, hate raids e impunidade
Embora as hate raids existam a muito tempo, as plataformas de transmissão, em especial a Twitch.TV, na visão de seus usuários, não estabeleceu medidas para evitar que elas acontecessem e nem pune adequadamente participantes, em especial os criadores/incentivadores.
Por essa razão, no início de setembro foi organizado o #ATwitchDayOff, onde os criadores de conteúdo e espectadores do site não utilizariam a plataforma como forma de protesto contra a facilidade e impunidade que usuários mal-intencionados têm em propagar discurso de ódio.
As reclamações e protestos foram ouvidos – Twitch processa responsáveis por ataques
Logo após o Twitch Day Off, a empresa comunicou que ouviu as reclamações e protestos e que medidas seriam tomadas:
Esse tweet foi feito logo no dia seguinte que a Twitch.TV iniciou um processo no Estado da Califórniacontra dois usuários anônimos que estariam ligados a grande parte dos robôs que propagam as mensagens com conteúdo racista, machista e homofóbico em sua plataforma.
Por não possuir os nomes legais desses usuários, a Twitch.TV os identificou como “CruzzControl” and “CreatineOverdose”, ainda indicou que suas assinaturas digitais demonstram que eles estariam fisicamente na Holanda e Áustria, respectivamente.
A Twitch se pronunciou sobre o processo: “Esperamos que esse processo: revele a identidade dos indivíduos por trás desses ataques e as ferramentas que eles estão explorando; impeça que eles tenham comportamentos similares em outras plataformas de transmissão; e ponha fim a esses ataques perversos contra membros da nossa comunidade.”
Nova ferramenta exige vinculação da conta da twitch a telefone e e-mails
A Twitch demonstrou que está investindo esforços em garantir a segurança de seus usuários.
Na última semana, como forma de controlar melhor a qualidade dos chats e a identidade de seus usuários, a empresa criou uma ferramenta que permite o usuário vincular um número de telefone ou e-mail à sua conta.
Por sua vez, os criadores de conteúdos poderão habilitar a opção que impossibilitará que usuários sem vínculo a um telefone ou e-mail consigam se comunicar em suas páginas.
Essa medida ataca frontalmente o problema dos robôs e de usuários que tentam se esconder atrás do anonimato para realizar ataques com discurso de ódio.
Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo