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A Fórmula do futuro

Nos últimos tempos, a Fórmula 1 vem dando cada vez mais sinais de sua preocupação em se reinventar. Ainda que a categoria preserve elementos importantes de sua tradição (o Grande Prêmio de Mônaco bem ilustra isso) e comumente reverencie seus personagens históricos, as atenções claramente têm se voltado para o futuro.

Vale dizer que, embora marcada pelo tradicionalismo em alguns aspectos, a Fórmula 1 sempre se notabilizou pela constante evolução. E não poderia ser diferente, na medida em que o progresso tecnológico ao longo das décadas propiciou avanços na concepção dos carros e até mesmo dos circuitos. Tudo em prol do binômio velocidade-segurança em um esporte de alto risco.

Mas a velocidade, por si, nem sempre é suficiente para atrair o público de forma mais ampla. Afinal, aos olhos do espectador menos aficionado – e mais interessado na dinâmica da competição do que na velocidade pura –, pode ser pouco atrativo assistir ao evento dos carros mais velozes do mundo se não há competitividade entre eles. Diante disso, temos testemunhado a adoção de algumas medidas para (ao menos tentar) tornar os eventos mais interessantes e ampliar o público da Fórmula 1.

Uma inovação importante já foi lançada na atual temporada e inaugurada na etapa da Inglaterra: as sessões de classificação em formato de sprint race. Tradicionalmente, o grid de largada dos grandes prêmios é definido no sábado por meio de um treino classificatório, cuja essência é de que prevalece a velocidade em uma volta lançada. Nesse novo formato, a dinâmica se altera: na sexta-feira (dia usualmente marcado por treinos livres, sem qualquer impacto na definição do grid de largada), tem-se um treino classificatório para definição do grid de largada da sprint race; esta consiste em prova curta, de 100km, disputada no sábado, em que os três primeiros colocados pontuam e a classificação final corresponde ao grid de largada da corrida principal, disputada no domingo.

A estratégia acaba por tornar a sexta-feira mais importante, estendendo o interesse sobre o evento, além de oferecer ao público duas provas num mesmo fim de semana – ainda que a corrida de domingo ainda seja, com sobras, a mais importante, inclusive em termos de pontuação no campeonato. E a Lex Sportiva cumpre papel importante na criação desse novo formato: ele foi instaurado a partir de alterações efetuadas no Regulamento Esportivo da Temporada 2021, editado pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Mas vale lembrar que, na forma da regra 5.3 do aludido regulamento, as sprint races classificatórias ocorrem em apenas 3 etapas da atual temporada; e que elas ainda não se encontram previstas no Regulamento Esportivo 2022 (o que não impede que este venha a ser modificado para incluí-las).

Ainda mais importante do que isso é a revolução das normas técnicas da Fórmula 1 que terá efeito a partir de 2022. Diante da constatação de que as características aerodinâmicas dos carros atuais dificultam as perseguições e as ultrapassagens, a categoria reformulou amplamente o conceito dos monopostos com o intuito de resolver esse problema e, assim, ampliar as disputas nas pistas.

Também nesse ponto a Lex Sportiva revela sua importância, visto que as especificações técnicas dos carros são definidas no Regulamento Técnico do campeonato – e ali se encontram mudanças drásticas entre as versões de 2021 e de 2022. Do tamanho dos pneus ao conceito das asas, diversos foram os aspectos técnicos alterados, o que se traduzirá em carros visivelmente diferentes na próxima temporada. E com a expectativa de que, ainda que menos velozes, possam propiciar mais disputas e ultrapassagens.

Enfim, a Fórmula 1 olha para o futuro almejando ampliar seu público e tornar seus eventos cada vez mais atrativos. Nesse caminho, assim como sempre ocorreu em relação a outros desenvolvimentos no âmbito do automobilismo (a evolução dos padrões de segurança inclusive já foi tema da nossa coluna em setembro e em dezembro de 2020), a Lex Sportiva se faz presente por meio dos regulamentos editados pela FIA – os quais fundamentais para a consolidação e a eficácia das inovações na categoria. É o direito a serviço do esporte e do entretenimento; e, consequentemente, da busca da Fórmula 1 por recuperar um público que parece ter perdido com o passar dos anos.

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