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Apostas esportivas no olho do furacão, mais uma vez

A última semana de abril tem destaque no calendário da NFL em virtude da realização do Draft, o recrutamento dos atletas universitários que passarão a compor os elencos profissionais das trinta e duas equipes que compõem a liga.

A possível venda da franquia de Washington pelo valor recorde de US$ 6.05 bilhões também entrou de vez na pauta.

Porém, o noticiário do futebol americano não será dominado exclusivamente por esses temas. Isso porque um anúncio feito pela liga no dia 21 de abril já vem ocupando e ainda ocupará bastante espaço na mídia: quatro jogadores do Detroit Lions e um jogador do Washington Commanders foram punidos por violarem as regras da NFL sobre apostas esportivas.

Dos cinco atletas punidos, três foram suspensos indefinidamente por apostarem em jogos da própria NFL e dois foram suspensos por seis jogos por fazerem apostas de natureza diversa enquanto estavam em alguma instalação pertencente à liga (não foram divulgados mais detalhes a respeito).

Além disso, conforme revelou uma matéria do The Athletic, outros quatro funcionários da franquia de Detroit já haviam sido desligados da equipe no mês de março por envolvimento em apostas.

Em dezembro de 2022, um membro da comissão técnica do New York Jets foi suspenso por apostar em outros esportes. No mesmo ano, o prestigiado recebedor Calvin Ridley foi impedido de disputar a temporada pelo Atlanta Falcons em virtude do envolvimento em apostas, o que motivou, inclusive, um artigo escrito pelo atleta para o The Players’ Tribune.

Ninguém nega que a NFL já foi bastante refratária em relação a qualquer associação com o universo das apostas. Há registros de punições aplicadas no distante ano de 1963 e a liga chegou ao ponto de impedir, em 2015 e em ocasiões posteriores, que o então quarterback do Dallas Cowboys, o hoje comentarista Tony Romo, organizasse uma convenção de fantasy football sediada nas proximidades de um cassino em Las Vegas.

O fato é que a recente série de punições, a primeira em décadas, ocorre alguns anos depois de importantes marcos na relação da NFL com as apostas esportivas: em 2017, os proprietários das equipes aprovaram a mudança do Oakland Raiders para Las Vegas; e, em 2018, uma decisão da Suprema Corte “derrubou” uma lei de 1992 que proibia apostas esportivas em quase todos os estados norte-americanos.

Desde então, como se sabe, muita coisa mudou.

Atualmente, o State Farm Stadium, no Arizona, que sediou a mais recente edição do Super Bowl, e o FedEx Field, em Washington, já possuem as suas próprias casas de apostas, as quais, no entanto, não podem ser utilizadas por pessoas vinculadas à NFL.

Para ilustrar de vez a mudança, adivinhem onde será realizado o Super Bowl no ano que vem? Isso mesmo, em Las Vegas.

Evidentemente, a NFL não é a única liga esportiva dos Estados Unidos que tem convivido com polêmicas no que tange à convivência com as apostas esportivas.

Na coluna da semana passada, destacamos que o Collective Bargaining Agreement (CBA) que será oficializado em breve pela NBA e pela NBPA, associação que representa os atletas, permitirá que os jogadores sejam patrocinados por empresas de apostas e que também possam investir nelas.

Na MLB, uma previsão do vigente CBA permite que os atletas celebrem acordos de patrocínio com entidades do mercado de apostas, ainda que eles não estejam autorizados a apostar em jogos de beisebol.

A NHL, igualmente, proíbe que atletas apostem em partidas de hóquei, mas eles podem fazer apostas em outros esportes.

Seja qual for a liga, muito tem sido dito sobre a enorme tensão entre as gigantescas cifras que o mercado de apostas vem injetando no esporte e a necessidade de proteção da integridade por qualquer entidade esportiva que se preze.

A pergunta que não quer calar é: como preservar atletas e funcionários nesse ambiente que se beneficia (e em que eles próprios se beneficiam) dos bilhões de dólares investidos por apostadores mundo afora?

Não é de certo modo inevitável que esses atletas e funcionários sejam naturalmente atraídos e “dragados” à medida em que a comunicação das ligas às quais eles pertencem são inundadas por ações de marketing que promovem a prática de apostas esportivas?

Jogar luz sobre o debate e estimular reflexões, como o Lei em Campo há muito vem fazendo, é o papel que nos cabe nesse palco. Somente a conscientização de todos os envolvidos e uma regulação madura, tanto do ponto de vista público quanto do ponto de vista privado, serão capazes de nos livrar do fantasma da manipulação de resultados nos campos e nas quadras.

Crédito imagem: MIKE LAWRENCE / COURIER & PRESS, Evansville Courier & Press via Imagn Content Services, LLC

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