O que a competição de futebol mais antiga do mundo, a Copa da Inglaterra (FA Cup), iniciada em 1871, tem a ver com a NBA? Mais do que, à primeira vista, se possa imaginar…
Começou na sexta-feira, dia 03 de novembro, a inédita “Copa da NBA”, como vem sendo apelidada, que será disputada até o dia 09 de dezembro e que é uma das novidades da temporada 2023-24.
Divididas em 6 grupos, que respeitam as respectivas conferências, as 30 equipes se enfrentarão em jogos que, à exceção da partida final, valerão também para a classificação da temporada regular.
Na primeira fase, cada time disputará 2 jogos em casa e 2 jogos fora de casa. Os vencedores dos grupos e o melhor segundo colocado de cada conferência avançam para as quartas de final, cujos jogos ocorrerão na casa das equipes com melhor desempenho na fase de grupos.
Das quartas de final em diante os jogos serão em partida única e as semifinais e a final serão disputadas em Las Vegas.
Os critérios de desempate na etapa inicial da “Copa da NBA”, pela ordem, são o confronto direto, a diferença de pontos dos jogos, os pontos marcados e a campanha na temporada 2022-23. Se necessário, será feito um sorteio para definir quem se classifica.
A fim de ajustar a quantidade de jogos disputados pelas franquias de modo que seja respeitado o número de 82 partidas da temporada regular (apenas os finalistas jogarão uma vez a mais), os 22 times que não se classificarem para as fases eliminatórias farão mais 2 jogos, um como mandantes e outro como visitantes. As 4 equipes que perderem nas quartas de final também participarão de um jogo adicional.
Em termos de premiações, a “Copa da NBA”, que também elegerá o MVP e o time ideal da competição, pagará US$ 500 mil dólares aos atletas da franquia campeã, além de US$ 200 mil dólares aos jogadores que ficarem com o vice. Os eliminados na semifinal receberão US$ 100 mil dólares e os eliminados nas quartas de final ficarão com US$ 50 mil dólares cada.
Ao falar sobre “um conceito que tem circulado pelos escritórios da liga há cerca de 15 anos”, o comissário Adam Silver citou o futebol como inspiração:
“Não é [algo] novo no esporte. Para aqueles que acompanham particularmente o futebol internacional, há uma longa tradição de realizar torneios durante a temporada. Então, pensamos: que oportunidade perfeita para uma liga global como a NBA”.
Em conversa com a Sky Sports em 2022, o vice-presidente executivo de estratégia e análise de basquete da liga, Evan Wasch, citou nominalmente a Copa da Inglaterra (FA Cup) como modelo:
“É verdade que em países como Inglaterra ou Espanha, com uma FA Cup ou uma Copa do Rei, há equipes de outros escalões do ecossistema futebolístico local, mas as rodadas posteriores são quase exclusivamente compostas pelas equipes de primeira linha. E, ainda assim, o envolvimento dos torcedores e o foco dos times nesses jogos são bastante altos, porque eles oferecem aquela sensação de playoff, de eliminação em jogo único que as ligas nacionais nem sempre têm.
Nosso foco é criar algo com uma sensação totalmente diferente de uma série de playoffs da NBA, que é uma melhor de 7 jogos. Vemos um torneio durante a temporada como uma chance de criar algo um pouco mais aleatório, um pouco mais democratizado em termos de competição (…)”.
De fato, para as equipes cujas chances de conquistar o título principal da temporada são ínfimas, a “Copa da NBA” pode, de fato, ser o único caminho viável para garantir um troféu.
Já para os times mais ambiciosos, ganhar o “doblete” pode acrescentar um componente extra de dominância esportiva que sempre é bem-vindo.
Comercialmente, a liga confia no apelo da nova competição. As equipes usarão uniformes alternativos, os jogos terão um “envelopamento” diferente no layout das quadras e haverá ampla transmissão (14 jogos da fase de grupos e todos os jogos das fases eliminatórias serão televisionados nacionalmente nos Estados Unidos).
No Brasil, a “Copa da NBA” será transmitida às sextas-feiras pela ESPN (que veicula os jogos na TV e via streaming, pelo Star+) e às terças-feiras pela Amazon Prime Video, estando também disponível no serviço oficial da liga, o NBA League Pass.
Incrementar um período do calendário que não tem, em circunstâncias normais, nenhum senso de urgência e nenhuma atração especial é uma aposta válida de uma liga que não tem medo de experimentar, como demonstram as recentes mudanças no Jogo das Estrelas e a introdução do play-in (uma espécie de repescagem para definir os últimos classificados aos playoffs).
Buscar referências no passado ou em outros esportes não impede a inovação. Pelo contrário. Se uma competição que começou a ser jogada no século XIX tem algo a ensinar àquela que talvez seja a liga mais moderna do planeta, que assim seja.
A final da Copa da Inglaterra (FA Cup), transmitida ao vivo mundialmente, ocorre em jogo único, no estádio de Wembley, desde 1923, com pequenos períodos de interrupção, casos pontuais nos quais foi necessária uma partida desempate e arquibancadas quase sempre lotadas. Eventualmente, um time sem tanta expressão chega às fases decisivas. É a magia dos mata-matas, nos quais não costuma faltar emoção. Eis uma fórmula de sucesso.
Mais um “produto” dentro do “produto”, mais receitas para os envolvidos, mais entretenimento para os fãs. Quem diz não?
Crédito imagem: NBA/Divulgação
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