“Deus é tão bom… ainda não consigo acreditar! Atualmente, estou vivendo em uma oração respondida. Desde que comecei minha jornada como atleta e agora empresário e dono de equipe, tudo foi um sonho que agora se concretizou. Cresci jogando futebol americano quando criança, sou um grande fã da NFL e assisto aos jogos toda semana. Agora, sou coproprietário de uma franquia histórica, o Washington Commanders.
(…) Nossa equipe de proprietários está comprometida com a comunidade e com a base de fãs de DC, Maryland e Virgínia para montar uma equipe vencedora (…).
Esta é realmente a maior conquista da minha carreira empresarial e um momento histórico para toda a comunidade negra. Fale sobre o tempo perfeito de Deus…
Esta era a organização certa para eu fazer parte, devido ao seu apelo global, história de vitórias e diversidade de fãs e comunidade (…).
Muitas pessoas não sabem que fiz negócios na área de Washington por muitos anos. Eu era um dos proprietários do Washington Hilton, construí várias franquias da Starbucks e Magic Johnson Theatres, além de centros de capacitação com a Magic Johnson Foundation. Também tenho minha empresa SodexoMAGIC sediada aqui. A comunidade me abraçou e me apoiou e estou honrado e extasiado por ser coproprietário da franquia Commanders!”
Com essas palavras, Earvin “Magic” Johnson Jr., um dos maiores jogadores da história do basquete, celebrou sua participação na aquisição do Washington Commanders, franquia da NFL, por US$ 6,05 bilhões, o maior valor pago até hoje por uma equipe esportiva nos Estados Unidos.
A operação, aprovada no dia 20 de julho pela NFL, envolve outra figura conhecida da NBA: Josh Harris, proprietário do Philadelphia 76ers e também acionista do Crystal Palace, da Premier League.
Apesar do expressivo montante financeiro, o elemento mais marcante do negócio é, de fato, a presença de “Magic” Johnson e a maneira como ele vibrou com aquela que seria a “maior conquista” de uma já fantástica carreira empresarial.
Se as vitórias de “Magic” são inúmeras dentro das quadras, com 5 títulos da NBA, 3 MVPs das finais, 3 MVPs da temporada regular e 9 aparições no time ideal da liga, além do ouro olímpico com o Dream Team em 1992 e do título nacional no basquete universitário em 1979, é fora das quadras, por incrível que pareça, que o repertório do ex-atleta se faz ainda mais incrível.
Em 2012, “Magic” Johnson integrou um grupo que adquiriu, por US$ 2 bilhões, a tradicional franquia de beisebol Los Angeles Dodgers. Alguns anos depois, em 2020, o Dodgers venceria a World Series, tornando-se o campeão da MLB.
No ano de 2014, o craque esteve envolvido na compra do Los Angeles Sparks, da WNBA, equipe que viria a conquistar o título da liga em 2016.
No mesmo 2014 em que se envolveu com o basquete feminino, “Magic” Johnson tornou-se coproprietário do Los Angeles FC, então uma franquia de expansão da Major League Soccer (MLS). Estreando na liga em 2018, o time da “cidade dos anjos” (e das estrelas) foi o grande vencedor da temporada de 2022.
Portanto, além de multicampeão no basquete, “Magic” Johnson, tido por muitos como o maior armador da história do esporte da bola laranja, pode dizer que é também campeão no mais alto nível do beisebol, do basquete feminino e do soccer.
Repetir o feito no futebol americano, depois de tantas turbulências enfrentadas pela franquia de Washington nos últimos anos, não será fácil, embora nada pareça estar fora do alcance de uma das mais carismáticas e iluminadas figuras que o mundo já viu.
Poderíamos listar, adicionalmente, os casos de sucesso de “Magic” como empreendedor no ramo do entretenimento, no mercado imobiliário e no segmento de seguros. Porém, o que nos dá mais gosto de destacar não são os números que se veem nas estatísticas ou nos balanços contábeis das empresas desse fascinante personagem…
A maior das inúmeras e gloriosas vitórias de “Magic” Johnson foi a vitória no jogo da vida.
No dia 7 de novembro de 1991, “Magic” Johnson chocou o mundo quando anunciou, em uma entrevista coletiva, que iria se aposentar imediatamente do esporte por ser portador do vírus HIV.
Naquele momento, pouco se sabia sobre o vírus e sobre as consequências que ele poderia ter no organismo humano. Associado à AIDS, tida como uma sentença de morte à época, o HIV era um “fantasma” que vinha assombrando a sociedade nos anos 80 e início dos anos 90.
Meses depois, apesar do anúncio da aposentadoria, “Magic” Johnson foi votado pelos torcedores para ser titular no Jogo das Estrelas da NBA daquela temporada 1991-92.
Apesar da contrariedade de alguns atletas, que temiam o risco de contaminação, “Magic” não só jogou como foi o destaque da partida (25 pontos, 9 assistências e 5 rebotes), disputada em Orlando, fazendo a cesta da vitória e sendo ovacionado pelo público e acolhido por companheiros e adversários ao final.
Com a criação da Magic Johnson Foundation e o envolvimento com entidades de caridade e pesquisa, “Magic” desempenhou um papel importantíssimo no combate ao HIV e no amparo aos portadores do vírus, chegando a ser o principal orador da Conferência do Dia Mundial da AIDS, na sede da ONU, em 1999.
Em diversas campanhas, “Magic” Johnson foi o principal rosto no esforço de esclarecer que o HIV poderia atingir qualquer pessoa que não se cuidasse, e não apenas usuários de drogas intravenosas e homossexuais, crença que existiu por um longo período.
A força da imagem de um ídolo global também serviu para conscientizar e educar as pessoas relativamente à importância da não discriminação aos portadores do vírus, além de dar publicidade a medicamentos capazes de alongar a sobrevivência e melhorar a qualidade de vida dos infectados.
Ao ler as palavras que abrem este texto, fiquei genuinamente feliz por “Magic” Johnson. Acredito que, ao redor do planeta, bastante gente também tenha se sentido assim.
Puxando um contra-ataque e inventando assistências, com a bola ou com a caneta nas mãos, Earvin Johnson Jr. continua sendo mágico na arte de fazer sorrir.
Crédito imagem: Paul Archuleta/Getty Images
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