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NBA: a liga que não para

Este é o mote da mais recente campanha em vídeo da NBA, produzida para celebrar o início da temporada 2022-2023 da principal liga de basquete do mundo: This is the Nonstop-Never-Boring-Make-It-New-Every-Night. National. Basketball. Association.

E, de fato, a NBA cumpre o que promete.

A última semana foi marcada por duelos amistosos, disputados em Las Vegas, entre o Metropolitans 92, da França, e o Ignite, da G League. Mas o que essas duas equipes, que sequer fazem parte da NBA, têm a ver com a liga?

Bom, esses amistosos existiram, basicamente, apenas para colocar frente a frente, aos olhos de centenas de jornalistas, scouts e executivos das franquias da NBA, os dois atletas mais cotados para serem as primeiras escolhas do próximo draft: o francês Victor Wembanyama e o norte-americano Scoot Henderson.

Apesar da boa impressão deixada por ScootHenderson, foi Wembanyama quem virou a sensação do momento: no primeiro amistoso, ele anotou 37 pontos, deu 5 tocos e converteu 7 arremessos de 3 em 11 tentativas; no segundo, foram 36 pontos, 11 rebotes, 4 tocos e 4 assistências.

Com a palavra, LeBron James: “Todo mundo tem sido considerado um unicórnio nos últimos anos, mas ele é tipo um alienígena. Eu nunca vi alguém do tamanho dele jogar de maneira tão fluida e graciosa. (…) Ele é um talento geracional, com certeza. Enfim, espero que ele se mantenha saudável (…).

Com aproximadamente 2,20m de altura, Wembanyama vem demonstrando uma habilidade e um refinamento técnico que jogadores desse tamanho não costumam ter. Pelo que se viu até agora, o gigante francês tem potencial para ser praticamente impossível de ser marcado em determinados lances de ataque, além de ter instintos e envergadura que podem fazer dele um obstáculo difícil de transpor também na defesa.

Se a estreia extraoficial de Wembanyama nas quadras dos Estados Unidos reforça o fato de a NBA estar enxergando o mercado europeu com mais carinho, como já abordamos em texto anterior desta coluna, ela também ilustra a incrível capacidade da liga de criar expectativas e alimentar narrativas, especialmente por meio das interações em redes sociais, algo que faz com que a roda nunca pare de girar.

Sim, a temporada 2022-2023 ainda nem começou, e já se discute quais serão os novos astros da liga em 2023-2024. E isso gera, de forma orgânica, horas e horas de conteúdo em programas de TV, podcasts, canais no YouTube e perfis no Twitter...

Os debates são crescentes, por exemplo, sobre a possível tendência demarcada pelo novo “rival” de Wembanyama, o citado Scoot Henderson, que optou por não jogar no basquete universitário e, ainda assim, está cotado para figurar no topo do draft.

O jovem armador preferiu abrir mão de ofertas das universidades de Memphis, Virginia Tech, Kentucky, Arkansas, Auburn, Georgia e Georgia Tech para se profissionalizar diretamente depois de concluir os estudos na Kell High School, assinando um contrato de US$ 1 milhão com o G League Ignite.

A G League (anteriormente nomeada NBDL e depois D League, até ganhar o “G” em virtude de um contrato com a Gatorade válido a partir da temporada 2017-2018), foi fundada em 2001 e, no princípio, não possuía nenhuma relação formal com a NBA, de quem, hoje, é afiliada. Com o tempo, a GLeague passou a ser uma liga de apoio/desenvolvimento para jovens atletas e agentes livres em busca de uma rara e valiosa oportunidade nas mais famosas e poderosas equipes de basquete do planeta.

Estudos apontam que só 0,03% dos jogadores colegiais e cerca de 1% dos universitários alcançam o topo do esporte profissional, ou seja, de cada 10.000 atletas de High School, somente 3 farão parte de um elenco da NBA. O funil é muito estreito.

Será que, no sonho de chegar à NBA, um número cada vez maior de prospectos migrará para a G League e abandonará o caminho mais seguro e tradicional de jogar no basquete universitário, como fez Scoot Henderson? Ou a balança penderá para o outro lado por conta das novas perspectivas financeiras dos atletas do College com o impulso dado à exploração econômica de seus nomes, imagem e aparência em virtude da decisão da Suprema Corte no caso Alston versus NCAA, em junho de 2021?

Cenas dos próximos capítulos. Até lá, a caixa registradora da NBA continua faturando de forma diretamente proporcional ao volume e diversidade de especulações.

Se a liga é brilhante em gerar receitas com o futuro, ela também sabe muito bem, talvez como nenhuma outra, ganhar dinheiro com o passado. Após o estrondoso sucesso de The Last Dance, em 2020, a Netflix acaba de lançar o ótimo The Redeem Team, documentário que conta a trajetória da seleção norte-americana formada para retomar a hegemonia do basquete mundial com a conquista do ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

Falando em produções audiovisuais, além das diversas séries sobre o Los Angeles Lakers, vem mais por aí, como o documentário da HBO sobre o fenômeno envolvendo Jeremy Lin, a chamada Linsanity.

Não se engane: é preciso ter um produto muito bom e excelentes profissionais para manter essa máquina em constante e eficiente operação. Para isso, a NBA vem estudando alternativas para conseguir recrutar e reter talentos em suas equipes executivas, que têm perdido funcionários de elite para empresas de tecnologia cujas políticas de remuneração são mais agressivas. Como se vê, não é apenas dentro de quadra ou nos streamings que a liga não para.

Mesmo quando a pauta não é exatamente positiva, a NBA gera histórias intrigantes, como no caso do incidente entre Draymond Green e Jordan Poole em um treino do Golden State Warriors.

O polêmico Draymond Green, que vem se tornando um dos expoentes da chamada “nova mídia”, em que atletas ocupam um espaço que antes era quase exclusivo de jornalistas, desferiu um violento soco contra o companheiro de equipe, desculpou-se publicamente em seguida e anunciou que irá se afastar por alguns dias de sua equipe.

Até esse anúncio, nem o Warriors e nem a NBA chegaram a anunciar qual seria a punição ao jogador. Mas não há dúvidas de que o episódio continuará sendo repercutido e comentado nas próximas semanas, até que um fato novo da liga que não para chegue para ocupar as manchetes ou até que a bola suba, no dia 18/10, para os primeiros jogos da temporada.

Crédito imagem: getty images

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