Search
Close this search box.

Ações de inclusão na NBA e na NHL e uma nova arena para a capital dos Estados Unidos

O texto que inaugura a coluna em 2025, nosso 4º ano no Lei em Campo, trata de duas interessantes ações de inclusão promovidas na NBA e na NHL.

Em oportunidade anterior, abordamos como o futebol americano universitário vem utilizando a tecnologia para permitir que atletas com deficiência auditiva possam praticar o esporte em nível competitivo.

Outro exemplo de inclusão vem da NHL, a principal liga de hóquei no gelo do mundo. Em sete partidas da última temporada, incluindo a grande final, conhecida como Stanley Cup, Jason Altmann e Noah Blankenship, locutores surdos versados na Língua Americana de Sinais, fizeram transmissões exclusivas viabilizadas pela P-X-P, uma entidade voltada para o acesso de fãs surdos e com deficiência auditiva ao ambiente dos esportes profissionais.

Nas transmissões, vídeos das ações dos jogadores eram mostrados juntamente com cenas isoladas nas quais Altmann e Blankenship faziam comentários na Língua Americana de Sinais, com direito a emojis inseridos na tela para dar ênfase a determinadas situações dos jogos.

Em depoimento para o The Athletic, Jason Altmann demonstrou o orgulho de participar da iniciativa:

Há 33 milhões de pessoas surdas e com deficiência auditiva que vivem nos Estados Unidos e Canadá, e quase nunca vimos qualquer tipo de representação delas em esportes profissionais, especialmente nas transmissões. Agora, abrirmos a porta com a NHL (…) e a comunidade surda está absolutamente em êxtase. (…) A Língua Americana de Sinais é uma língua legítima, que tem sua própria fonologia, efeito morfológico, sintaxe, semântica. (…) Eu e Noah fomos muito expressivos mostrando as jogadas e os gols. Esse é o nosso efeito. (…) No inglês falado, a emoção se reflete no tom (…), na inflexão e no ritmo [da voz, elementos que não se captam apenas com] legendas. (…) Estamos realmente nos concentrando na comunidade surda para que ela se sinta envolvida e inspirada com base em nossas expressões e em nossos comentários.

Em resposta ao sucesso da medida, a NHL criou um programa semanal de destaques da rodada no qual será utilizada a Língua Americana de Sinais.

Para ratificar a empreitada, Altmann e Blankenship transmitiram, no último 31 de dezembro, o chamado Winter Classic, jogo válido pela temporada regular da NHL disputado ao ar livre em algum estádio de beisebol ou de futebol americano.

A partida entre Chicago Blackhawks e St. Louis Blues ocorreu no tradicional Wrigley Field, casa do Chicago Cubs, da MLB, e a transmissão conduzida em atenção à comunidade surda foi veiculada nas plataformas de streaming Max (nos Estados Unidos) e Sportsnet+ (no Canadá).

A Vice-Presidente de Impacto Social e Integração Estratégica da NHL, Rachel Segal, afirmou que transmissões dessa natureza “vieram para ficar”, tendo classificado o projeto como “a experiência mais gratificante da carreira”.

O impacto da iniciativa parece ter sido genuinamente positivo, como relata Jason Altmann:

O feedback realmente tocou minha alma. (…) Recebemos alguns e-mails de crianças e adolescentes surdos. Uma criança em particular, do norte rural do Canadá, (…) [comentou o quanto] ficou feliz em poder assistir a um evento com seus pais. [Daqui em diante, ela poderá] reunir a família para assistir à NHL na Língua Americana de Sinais. (…) Pense nisso! É inacreditável!”

Já na NBA, a recente ação de inclusão (e de marketing) ocorreu no domingo, 4 de janeiro, e abrangeu cães (e donos de cães, obviamente). Em uma campanha inédita na liga de basquete, o Washington Wizards promoveu a primeira noite de Hoops & Hounds da temporada.

Com preços de US$ 50 para cada ingresso humano e US$ 10 para cada cão, os torcedores foram convidados a levar seus pets para assistir à partida contra o New Orleans Pelicans em uma área específica da parte superior das arquibancadas.

Os ingressos caninos (cerca de 140) foram esgotados e parte dos lucros obtidos será direcionada para a Lost Dog & Cat Rescue Foundation, uma organização local sem fins lucrativos.

Na MLB, várias franquias, incluindo o Washington Nationals, co-irmão do Wizards, organizam periodicamente o chamado Pups in the Park, facilitado pelo fato de os estádios de beisebol serem abertos. No basquete, apenas o Memphis Hustle, da G-League (liga secundária gerida pela NBA) já tinha feito algo parecido.

Rebecca Winn, Vice-Presidente Sênior de Marketing do Washington Wizards, declarou:

Sabemos que temos fãs que têm cachorros e os amam. Contudo, também estávamos realmente atrás de pessoas que ainda não foram a um jogo do Wizards e demos a elas um motivo para ir. Então, quando estiverem aqui, queremos que vejam o quão incrível é a experiência (…) e que voltem.”

Os atletas do time de Washington chegaram à arena trazendo cães que estão disponíveis para adoção, publicando fotos nas redes sociais para que torcedores pudessem se candidatar a ficar com os filhotes. E aqueles que levaram seus bichos de estimação adentraram por um portão especial que dava acesso a um ambiente preparado para os animais.

Além das atrações destinadas aos fãs, o Wizards cogitou extrair uma vantagem competitiva a partir da presença canina: acionar um som de campainha nos alto-falantes durante os lances livres cobrados pela equipe adversária, de modo que os latidos desconcentrassem os jogadores que fariam os arremessos. A ideia, porém, foi descartada.

Seria covardia chamar os cachorros de “pés frios”, ou melhor, de “patas frias”, mas o fato é que o Wizards perdeu a partida…

Para a cidade de Washington, que vive bom momento esportivo com a presença do Commanders nos playoffs da NFL, uma notícia alvissareira: Ted Leonsis, proprietário do Wizards, do Capitals (NHL) e do Mystics (WNBA), anunciou um acordo com a prefeitura da capital norte-americana para uma reforma de US$ 800 milhões da Capital One Arena, exatamente o ginásio que recebeu os cães no jogo de basquete.

Com esse arranjo, as equipes de Leonsis continuarão mandando suas partidas no local até as temporadas de 2049-50.

Anteriormente, o projeto do bilionário, em parceria com o governo da Virgínia, era o de construir um novo equipamento esportivo em outra área da cidade. Todavia, em razão de grande oposição popular (haveria significativo investimento público), isso foi abandonado.

O comissário da NBA, Adam Silver, comentou:

Eu diria que, do ponto de vista da liga, essa é a parceria público-privada ideal, (…) um investimento de quase US$ 1 bilhão para o benefício [das equipes] e da comunidade. (…) O que está acontecendo agora, nesses palácios de entretenimento, [é que] eles estão cheios, aparentemente, todas as noites do ano.

Com previsão de encerramento das obras para antes das temporadas de 2027-28 da NBA e da NHL (o Washington Mystics disputa as partidas da WNBA em outro ginásio), a “nova” Capital One Arena confirma a tendência já tratada há algumas semanas na coluna: nos últimos anos, as equipes das ligas esportivas norte-americanas têm investido bastante em infraestrutura.

O que também ganha jogos e enche bolsos.

Crédito imagem: The Associated Press

Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo

Compartilhe

Você pode gostar

Assine nossa newsletter

Toda sexta você receberá no seu e-mail os destaques da semana e as novidades do mundo do direito esportivo.