Dentro de quadra, o Minnesota Timberwolves é a sensação dos atuais playoffs da NBA. Nos bastidores, porém, um litígio relativo à aquisição da franquia vem se desenrolando há meses sem que existam, por enquanto, perspectivas concretas quanto a um desfecho minimamente harmonioso.
O Timberwolves nasceu em 1989 como uma equipe de expansão da principal liga de basquete do mundo. Naquele ano e no ano anterior, a NBA também incorporou o Charlotte Hornets, o Miami Heat e o Orlando Magic.
Até 2024, a única vez em que o Timberwolves chegara às finais de Conferência havia sido em 2004. Passados vinte anos, eis que os “Lobos” voltam a estar a um passo de disputar o título da NBA. E isso após eliminarem categoricamente o Phoenix Suns, de Kevin Durant e, na sétima e decisiva partida da série semifinal, o atual campeão Denver Nuggets.
Durante os jogos do Timberwolves nas últimas semanas, um dos torcedores mais entusiasmados e frequentemente capturado pelas câmeras durante as transmissões é Alex Rodriguez, antigo astro da MLB e ídolo histórico do New York Yankees.
Além da fama, existe uma outra razão para que Rodriguez esteja sob os holofotes: ele é parte da disputa pela compra do Timberwolves, um imbróglio que pode chegar aos tribunais e que paira como uma “nuvem negra” sobre o futuro promissor do time liderado pelo carismático e confiante Anthony Edwards, aquele que muitos, inclusive ele próprio, apontam como o próximo melhor jogador da NBA.
Vamos aos detalhes do caso. Alex Rodriguez e Marc Lore, magnata do comércio eletrônico, fizeram um acordo em abril de 2021 para adquirir, por US$ 1,5 bilhão, o Minnesota Timberwolves e o Minnesota Lynx, da WNBA. Na operação, eles contariam com o apoio financeiro do Dyal Capital, fundo ligado ao ex-CEO do Google, Eric Schmidt.
Ocorre que, no último dia 28 de março, Glen Taylor, atual proprietário do Timberwolves, divulgou um comunicado informando que o negócio não seria mais concluído, pois Lore e Rodriguez, supostamente, não teriam cumprido os termos ajustados entre as partes.
O fato é que, como vem ocorrendo com as franquias esportivas norte-americanas de modo geral, o valor do Timberwolves no mercado aumentou significativamente. No último estudo divulgado pela Forbes, a equipe possuía um valuation de US$ 2,5 bilhões, US$ 1 bilhão a mais do que o montante fixado em 2021 na negociação entabulada entre Alex Rodriguez e Marc Lore, de um lado, e Glen Taylor, do outro.
Diante disso, fica a dúvida: Rodriguez e Lore realmente não conseguiram adimplir, a tempo e modo, as obrigações de pagamento? Ou Taylor, arrependido, busca subterfúgios para conseguir mais dinheiro no negócio?
Conforme apuração do jornalista Pablo Torre, Rodriguez e Lore efetuaram, sim, um pagamento de US$ 600 milhões para concluir a compra, havendo apresentado a documentação necessária para acionar uma cláusula contratual que prorrogaria em 90 dias, automaticamente, o prazo para quitação, de modo a permitir a aprovação formal da NBA quanto à operação.
Corroborando com essa informação, uma matéria publicada pelo The Athletic e repercutida pela Forbes pontuou que, de acordo com advogados que examinaram a questão, os argumentos e elementos de prova apresentados por Alex Rodriguez e Marc Lore são realmente sólidos.
De todo modo, após uma frustrada tentativa de mediação, acredita-se que o caso já esteja a caminho de uma corte arbitral.
Ainda em março, após a manifestação pública de Glen Taylor no sentido de que o negócio não seria mais feito, Marc Lore afirmou ao portal Sportico:
“Seremos os donos do Minnesota Timberwolves. É apenas uma questão de tempo e de quanta dor Glen Taylor deseja causar aos torcedores, aos jogadores, à cidade e à comunidade. A escolha é dele. Não precisava ser assim. Eu nunca processei ninguém e nunca fui processado. Mas estamos lidando com alguém que se sente muito confortável operando dessa forma e temos que tomar todas as ações necessárias para proteger nosso sonho de infância”.
Posteriormente, em declaração conjunta, Lore e Alex Rodriguez acrescentaram:
“Cumprimos nossas obrigações, temos todo o financiamento necessário e estamos totalmente comprometidos em sacramentar a aquisição assim que a NBA concluir seu processo de aprovação. A postura de Glen Taylor é um caso infeliz de remorso do vendedor, o que é perturbador para o time e para os torcedores durante uma temporada histórica de vitórias”.
Hoje, aponta-se que o valor médio de uma franquia da NBA seja de US$ 4 bilhões. Para efeitos comparativos, esse número é de US$ 2,64 bilhões na MLB, US$ 1,31 bilhão na NHL e US$ 5,1 bilhões na NFL (14% a mais do que no ano anterior, crescimento impulsionado pela “explosão” das receitas com direitos de transmissão e pela recente venda do Washington Commanders por US$ 6,05 bilhões).
A valorização desses ativos esportivos é superior, nas últimas duas décadas, à valorização do mercado de ações norte-americano, que cresceu 550% no mesmo período.
Grandes fundos de investimento com foco específico no esporte foram constituídos nos últimos anos, como o RedBird Capital (US$ 10 bilhões sob gestão, incluindo a propriedade do Milan, um dos mais tradicionais clubes de futebol do mundo), o CVC (estima-se que sejam US$ 6 bilhões em ativos de ligas de futebol e de rugby) e o Arctos Partners (US$ 7 bilhões investidos).
Este último, aliás, exemplifica um cenário em que fundos participam de outros fundos: o Arctos Partners é, ao lado de LeBron James, um dos acionistas do Fenway Sports Group, que possui, além do mundialmente popular Liverpool, o Boston Red Sox, da MLB, o Pittsburgh Penguins, da NHL, e equipes da NASCAR e de uma liga de golfe.
O próprio Dyal Capital, envolvido na compra do Minnesota Timberwolves, é um “braço” da Blue Owl, gestora que administra uma carteira de US$ 102 bilhões.
A briga entre Alex Rodriguez, Marc Lore e Glen Taylor, como se vê, é “briga de cachorro grande”. E, ao que tudo indica, um deles pode ser o típico “lobo em pele de cordeiro”…
Crédito imagem: Jim Mone – Associated Press
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