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Estrelas, histeria e naming rights

O final de semana de 16 a 18 de fevereiro ficará marcado pela realização de mais um All-Star Weekend da NBA.

Neste 2024, o evento ocorrerá, depois de quase 40 anos, em Indiana, um estado apaixonado pelo basquete em todos os níveis, desde o escolar, passando pelo universitário e chegando até o profissional.

O próprio inventor do esporte, James Naismith, chegou a registrar que, embora o jogo da bola ao cesto tenha sido inventado em Massachusetts, o verdadeiro coração dele bateria em Indiana.

Os habitantes e cidadãos nascidos na região, conhecidos como Hoosiers, utilizam, com indisfarçável orgulho, a expressão Hoosier hysteria para se referir à efervescência do basquete por lá.

Quem chega em Indiana para acompanhar o All-Star Weekend já se depara, no aeroporto, com uma quadra de basquete montada no local especialmente para a ocasião, como detalha uma ótima matéria publicada no The Athletic.

Nota-se, pois, que o ambiente será bem propício para o encontro anual que é destinado a celebrar as maiores estrelas da NBA. Sim, talvez a palavra histeria não seja mesmo nenhum exagero…

Além das atividades já tradicionais do Jogo das Estrelas, com o retorno da disputa entre as seleções das conferências Leste e Oeste e os torneios de enterradas e de arremessos de 3 pontos (nesta edição com um inédito desafio entre Stephen Curry e Sabrina Ionescu, da WNBA), o evento é um marco importante também para pronunciamentos institucionais da liga.

Em entrevista exclusiva para o portal da NBA, o comissário Adam Silver endereçou os temas mais relevantes do momento.

Questionado, por exemplo, sobre a (in)justiça das novas regras sobre a participação de jogadores para a atribuição de prêmios individuais, Silver declarou:

Prevíamos que haveria resistência por parte dos jogadores que não ficariam elegíveis para esses prêmios. (…) A sensação era de que o limite de 65 jogos, equivalentes a 80% por cento das partidas, parecia um limite justo para a elegibilidade. (…) Acho que a única maneira apropriada de avaliar o efeito dessa regra é quando esta temporada terminar (…).

Quanto à aguardada negociação do novo contrato de direitos de transmissão da NBA, o comissário afirmou:

A diferença é que agora é uma negociação muito mais global. Quando você pensa em nossos dois principais parceiros, Disney e Warner Bros. Discovery, ambas as empresas de mídia possuem serviços globais de streaming.

Quando você tem uma liga como a NBA, em que quase 30% dos jogadores nasceram fora dos Estados Unidos, algo que só vai continuar a crescer, em que a distribuição [de direitos de transmissão] é bem superior a 200 países e territórios e, sobretudo, quando você está olhando para um acordo que será expandido na próxima década, invariavelmente a discussão se tornará mais global.

(…) Esse conteúdo [esportes ao vivo] é verdadeiramente soberano, especialmente esportes premium ao vivo. Esse conteúdo sempre encontra seu público.

É muito cedo para dizer se seremos distribuídos exclusivamente em serviços de streaming, mas devo ressaltar que alguns desses serviços (…) têm a maior distribuição do país. Se você observar a magnitude da distribuição da Netflix, do Amazon Prime ou da Disney, verá que esses serviços estão ultrapassando as empresas tradicionais de cabo e satélite.

Além disso, nossos jovens fãs recorrem primeiro aos smartphones, e não à televisão, quando querem assistir a um programa. A oportunidade é fazer um trabalho melhor ao longo do tempo.

Ao comentar sobre a expansão na quantidade de franquias e sobre o desejo de LeBron James, publicamente manifestado, de se tornar proprietário de uma equipe em Las Vegas, estas foram as palavras de Adam Silver:

Estou orgulhoso do fato de um jogador do calibre de LeBron sonhar não apenas em ser um dos maiores jogadores de todos os tempos, mas também em assumir a propriedade [de uma franquia].

Vimos isso com Michael Jordan em Charlotte e Grant Hill agora com os Hawks. Shaquille O’Neal esteve envolvido com os Kings, David Robinson em San Antonio e Dwyane Wade com o Jazz. Acho que é uma característica única da nossa liga que os jogadores não apenas sonhem em ter incríveis carreiras dentro da quadra, mas também que vejam uma oportunidade de serem proprietários [de franquias esportivas].

No que diz respeito à Cidade do México [outro possível mercado para a criação de uma nova franquia], disputamos muitos jogos da temporada regular em uma arena de primeira classe por lá. É o maior mercado da América do Norte [fora o próprio mercado norte-americano, obviamente] e há uma enorme população hispânica e mexicana-americana no país. Uma potencial expansão para a Cidade do México está no nosso radar. Provavelmente não acontecerá na próxima onda de expansão, mas acho que com o tempo seria muito realista”.

Por fim, em relação às recentes aquisições, parciais ou totais, de franquias por novos grupos proprietários (nos últimos anos, seis franquias “mudaram de mãos”), o “chefão” da NBA disse estar entusiasmado com o novo conjunto de governadores (nomenclatura utilizada pela liga), os quais chegaram, na visão de Silver, dispostos a “arregaçar as mangas e estar muito envolvidos na gestão do campeonato, (…) com perspectivas de propriedade de muito longo prazo, [com a] vontade de fazer investimentos em arenas atualizadas e novas (…) e [com] uma perspectiva global do jogo”.

A par de comentar sobre tais questões, Adam Silver, ao lado de Victor Wembanyama, participou, no âmbito do chamado NBA All-Star Tech Summit, do lançamento do NB-AI, um assistente de voz que utiliza tecnologia de inteligência artificial para personalizar a visualização de jogos ao vivo.

Durante o All-Star Weekend, com o acesso mais aberto dos jornalistas aos dirigentes e aos atletas, mais notícias e rumores sobre a liga deverão pintar no noticiário.

A propósito, antes de a bola laranja começar a quicar, a mídia que cobre a NBA terá a oportunidade de repercutir outros anúncios institucionais feitos recentemente, pertinentes à negociação de naming rights para o In-Season Tournament, a Copa da NBA, e para o Play-In, a repescagem disputada com o objetivo de definir a classificação final aos playoffs.

Por força de um acordo de longo prazo cujos detalhes financeiros não foram revelados, a Copa da NBA passará a se chamar Emirates NBA Cup.

A repescagem, por sua vez, carregará no nome a marca SoFi, que também deterá a condição de parceira oficial, no segmento bancário, da NBA, da WNBA, da NBA 2K League e da USA Basketball (a federação de basquete dos Estados Unidos).

Nada mal para uma empresa que já detém os naming rights do estádio, palco do Super Bowl em 2023, em que duas franquias da NFL, o Los Angeles Rams e o Los Angeles Chargers, mandam os seus jogos.

Uma coisa é fato: no All-Star Weekend ou não, a NBA e seus parceiros estão sempre mirando as estrelas…

Crédito imagem: AP Photo/Michael Conroy

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