Estrearemos nesta coluna um novo formato que, eventualmente, você encontrará por aqui. Trata-se de uma miscelânia sobre alguns temas relevantes do momento, com breves “pinceladas” sobre cada um deles, alguns dos quais, aliás, já foram objeto de textos anteriores.
Um dos assuntos que iremos revistar é o litígio entre o New York Knicks e o Toronto Raptors por conta de acusações de espionagem.
O caso, no qual a equipe de Nova Iorque acusa um ex-empregado de ter compartilhado informações confidenciais com Darko Rajaković, técnico do Raptors, voltou à tona pelo fato de o Knicks ter sido a única franquia da NBA a votar contra a expansão da WNBA para a cidade de Toronto.
Sim, a liga de basquete feminino, que vem crescendo em popularidade especialmente após a chegada de Caitlin Clark, fenômeno do esporte universitário, terá, em 2026, a sua primeira equipe fora dos Estados Unidos.
Trata-se de mais um sinal de fortalecimento da WNBA, que, em outubro do ano passado, já anunciara a criação de uma nova franquia, sediada em Oakland e que dividirá com o Golden State Warriors, já a partir de 2025, o moderno ginásio Chase Center, em São Francisco.
Outra pauta quente é a redenção de um personagem que está prestes a chegar às finais da NBA com o Dallas Mavericks.
Trata-se de Kyrie Irving, que, em novembro de 2022, foi o foco de um texto no qual falávamos sobre o “mundo invertido” do talentoso armador, que vinha colecionando polêmicas nos anos anteriores.
Carregando a fama se ser terraplanista por conta de uma entrevista dada em 2017, Irving se viu em maus lençóis após a recusa em se vacinar contra a COVID-19, fato que acabou contribuindo diretamente para as saídas de James Harden e de Kevin Durant e para o consequente fracasso do projeto esportivo do Brooklyn Nets.
Na sequência, bem no início da temporada 2022-2023 da NBA, Kyrie Irving precisou enfrentar a acusação de difundir o antissemitismo, pois postara, em seu perfil do então Twitter, um link para o controverso filme Hebrews to Negroes: Wake Up Black America.
Com danos (autoinfligidos) ao seu já abalado capital reputacional, Irving foi trocado para Dallas na temporada seguinte. Muitos apostavam que, daí em diante, o popular jogador, que chegou a estrelar campanhas publicitárias da Pepsi e um filme no papel do personagem Uncle Drew, jamais voltaria a ser verdadeiramente impactante na liga.
Porém, o atleta passou os últimos meses concentrado em jogar basquete e em ser um bom companheiro de equipe, o que fez com que o seu jogo, vistoso e eficiente, voltasse a florescer.
Kyrie Irving tem exercido, para o esloveno Luka Dončić, o papel de coadjuvante de luxo que ele tão bem desempenhou ao lado de LeBron James em Cleveland.
Foi nessa condição que Irving converteu o arremesso decisivo do épico título do Cavaliers em 2016, revertendo uma vantagem tida como irreversível contra um Golden State Warriors que havia quebrado o recorde de vitórias em temporada regular, pertencente, até então, ao Chicago Bulls de Michael Jordan.
Justiça seja feita: além de um brilhante jogador, algo que mesmo os seus maiores críticos nunca negaram, Kyrie Irving é um cidadão que há muito se dedica a trabalhos filantrópicos e de caridade.
Valem ser citadas, por exemplo, as doações de US$ 1,5 milhão para ajudar a cobrir os salários de jogadoras da WNBA que optaram por não jogar durante a pandemia e de US$ 323 mil para distribuir cerca de 250 mil refeições na região de Nova York durante o mesmo período.
Apesar da postura antivacina, Irving, cuja falecida mãe é descendente da tribo Standing Rock Sioux, doou dinheiro, alimentos e 50.000 máscaras N95 para povos indígenas em Dakota do Norte e Dakota do Sul.
E carinho equivalente ao demonstrado em relação às raízes nativo-americanas da família foi contemplado quando ele pagou as mensalidades de inúmeros alunos da escola onde estudou em Nova Jersey, cuja estrutura Kyrie Irving também revitalizou.
Por fim, além de ajudar financeiramente inúmeras famílias de vítimas de violência policial, um tópico bastante sensível para a população negra norte-americana, Irving contribui para melhorar a vida de pessoas na “América” e em outras paragens: por meio da KAI Eleven Consulting, ele assessora empreendedores vindos de situações de vulnerabilidade; e, custeando um sistema para a geração de energia solar, ele levou água potável a milhares de pessoas no Paquistão.
Se Kyrie Irving mereceu críticas anteriormente e cometeu erros de milhões de dólares, tendo perdido o contrato que possuía com a Nike e muito prestígio no caminho, ele também merece elogios e o benefício da dúvida diante das boas atitudes que praticou e vem praticando.
E o futuro? Um possível novo título da NBA contra um Boston Celtics de onde ele saiu sem deixar saudades em 2019 seria, sem dúvidas, um deleite para o revitalizado Kyrie Irving.
Nas últimas disputas entre Nets e Celtics nos playoffs de 2022, Irving foi hostilizado pela torcida de Boston e devolveu as “gentilezas” sem muitos pudores.
Se esse duelo voltar a acontecer na próxima final da NBA, preparem-se: os conflitos do passado serão revividos e continuaremos precisando falar sobre Kyrie Irving.
Crédito imagem: Adam Pantozzi – NBAE via Getty Images
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