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Jogo no Brasil, bets, private equity e polêmica envolvendo Tom Brady: pautas da NFL em 2024

Vem aí a NFL! E, seguindo a tradição iniciada em 2022 e continuada em 2023, chegou a hora de destacarmos os temas de maior relevância para o direito desportivo e para a indústria do esporte que estarão em pauta na próxima temporada.

O mercado brasileiro, naturalmente, está focado no jogo que será realizado em São Paulo no dia 06 de setembro.

Como destacado em matéria da Máquina do Esporte, a liga vem intensificando as ativações e a produção de conteúdos nas mídias sociais à medida em que a partida entre Green Bay Packers e Philadelphia Eagles se aproxima, fazendo com que o evento impacte o público de inúmeras formas e nos mais diversos segmentos.

Aproveitando o embalo do grande momento vivido nos Jogos Olímpicos de Paris, a Cazé TV, que veiculará em seu streaming tanto o São Paulo Game quanto as demais partidas internacionais da NFL, em Londres e Munique, anunciou os dez patrocinadores que estarão presentes nas transmissões.

A Rede TV e a ESPN (Disney+) também divulgaram robustas listas de parceiros comerciais, encorpando a cifra de US$ 60 milhões e o número de 5 mil empregos diretos e indiretos que a SPTuris estima como resultados da partida que ocorrerá na Neo Química Arena.

Dos cerca de 42 mil espectadores no estádio, aproximadamente 10% virão dos Estados Unidos. Segundo levantamento da Embratur, a emissão de passagens aéreas dos EUA para São Paulo cresceu 133% nesta primeira semana de setembro.

E, sim, o jogo em terras brasileiras certamente será objeto de um grande volume de apostas esportivas, outro tema importante para os próximos meses de NFL.

Projeções da American Gaming Association dão conta de que adultos norte-americanos deverão apostar aproximadamente US$ 35 bilhões nesta temporada, o que representaria um crescimento de mais de 30% em relação à temporada anterior.

De lá para cá, Maine, Carolina do Norte e Vermont passaram a permitir operadoras de bets. A isso se somaram as decisões judiciais que garantiram à Hard Rock International o direito de retomar as apostas esportivas na Flórida, levando a um total de 38 estados norte-americanos, mais Washington, D.C., nos quais apostar em esportes é oficialmente permitido.

A propósito, 2024 marcará também a primeira temporada completa de futebol americano abarcada por operações da ESPN Bet, plataforma lançada em novembro de 2023 que segue a tendência de casas de apostas associadas a veículos de transmissão de eventos esportivos ao vivo.

Se o esporte universitário vive uma revolução por conta do “dinheiro novo” decorrente dos acordos para exploração do nome, imagem e semelhança/aparência dos atletas (o NIL), com impactos, inclusive, no mais recente Draft, também há “dinheiro novo” na mira das franquias da NFL.

Isso porque os proprietários das equipes aprovaram, no final de agosto, que fundos de private equity possam adquirir participações minoritárias nos 32 times que compõem a liga.

Seguindo os passos da MLB (beisebol), que deliberou de forma semelhante em 2019, a NFL não resistiu aos acenos de fundos como Ares Management, Arctos Partners e Sixth Street, além do consórcio formado por Blackstone, Carlyle, CVC Capital Partners, Dynasty Equity e Ludis, todos já validados como potenciais investidores.

A fatia do bolo colocada à venda não será barata: de acordo com a Forbes, o valor médio de uma franquia da NFL em agosto de 2023 era de US$ 5,1 bilhões. Dallas Cowboys (US$ 9 bilhões), New England Patriots (US$ 7 bilhões), Los Angeles Rams (US$ 6,9 bilhões) e outras equipes são ativos valiosíssimos em um mercado aquecido que viu, recentemente, o Washington Commanders ser adquirido por US$ 6,05 bilhões e o Denver Broncos ser comprado por US$ 4,6 bilhões.

Conforme o que foi votado pelos integrantes da liga, cada fundo aprovado deve se comprometer a investir ao menos US$ 2 bilhões na NFL, valor que pode ser repartido na aquisição de participação em até 6 equipes. Tal participação, porém, deve ser preservada por um período mínimo de 6 anos.

Foram mantidas regras como o limite total de proprietários na liga e a participação mínima de 30% para os indivíduos/grupos controladores, o que não deve ser suficiente para desencorajar entidades e bilionários que querem pertencer ao seleto rol de donos de equipes da liga esportiva mais valiosa do mundo.

Por falar em super-ricos, há um deles que, declaradamente, quer pertencer a esse “clube”: Tom Brady. O maior jogador da história do futebol americano teria feito uma oferta para, junto com outros investidores, adquirir parte do Las Vegas Raiders. Ocorre que o ex-quarterback está prestes a estrear como comentarista da FOX.

Temendo pela caracterização de um possível conflito de interesses, uma vez que as equipes de transmissão das partidas têm acesso privilegiado a treinadores, atletas e centros de treinamento nas vésperas dos jogos de maior visibilidade, a liga teria estabelecido algumas restrições a fim de que Brady, um competidor implacável, não colete informações que possam representar uma vantagem técnica (indevida) para os Raiders.

Assim como Brady se acostumou a vencer nos campos, a NFL se acostumou a vencer fora deles: há algumas semanas, um juiz federal anulou decisão de um júri civil que julgara procedente uma indenização de US$ 4,7 bilhões pleiteada por assinantes de um pacote intitulado Sunday Ticket, da DirecTV. Na ação coletiva, a liga é acusada de violar normas antitruste na distribuição das partidas transmitidas aos domingos.

Ainda cabe recurso no processo que abrange 2,4 milhões de assinantes residenciais e 48 mil empresas que pagaram pelo Sunday Ticket entre 2011 e 2022, mas a NFL já obteve outras decisões favoráveis em ações semelhantes.

No mais, continuaremos acompanhando as negociações contratuais mais conturbadas e mais aguardadas, cujos efeitos tendem a balizar o cenário econômico para os atletas no próximo ciclo, e casos como o do litígio entre o recebedor Marvin Harrison Jr. e a Fanatics, envolvendo alegações de que o atleta descumpriu um acordo que ele nega ter feito com a varejista de acessórios e equipamentos esportivos.

Siga conosco para conhecer essas e outras histórias que agitarão a NFL em mais uma temporada que promete ser especial.

Crédito imagem: Fernando Bueno/Agência Corinthians

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