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O dia da glória chegou

Como se canta na Marselhesa, o hino nacional francês, o dia da glória chegou: começaram os Jogos Olímpicos de Paris.

Entre os dias 26 de julho e 11 de agosto, quase 11.000 atletas de 205 países performarão em um evento cujo orçamento se aproxima dos € 9 bilhões.

Conforme os levantamentos publicados pela Máquina do Esporte e pelo portal MKT Esportivo, o Comitê Olímpico Internacional (COI) contribuiu com € 1,2 bilhão, dividido entre direitos de mídia (€ 750 milhões) e patrocínios (€ 470 milhões), com outros € 4,38 bilhões tendo sido investidos pelo Comitê Organizador local.

Estima-se que o faturamento com ingressos será de € 1,1 bilhão, ao qual serão somadas receitas de € 170 milhões com hospitalidade e € 127 milhões com licenciamentos.

Além dos atletas, 16 marcas de grandes patrocinadores internacionais e 21 marcas de empresas francesas estarão em exibição nos diversos espaços publicitários e canais de transmissão (são 30 os detentores de direitos ao redor do mundo).

No basquete, teremos a oportunidade de ver a seleção brasileira masculina medindo forças com a elite da modalidade. Primeiro em Lille, no Estádio Pierre Mauroy, onde serão disputadas as partidas iniciais. E depois, tomara, na Bercy Arena, em Paris, palco da fase final da competição.

A principal atração do esporte da bola laranja será a seleção norte-americana, que reuniu alguns dos mais notáveis talentos da história da NBA em um time que, para alguns, rivalizaria com o Dream Team que assombrou o planeta nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, vencendo os adversários por uma margem média de 43 pontos de diferença.

Lembremo-nos: qualquer discussão sobre os maiores de todos os tempos vem acompanhada de um inexorável grau de subjetivismo e de um romantismo que faz par com a nostalgia.

Como já escrevi certa vez, nós, amantes inocentes e inconsequentes do esporte, continuaremos comparando e proclamando quem é o maior, sem o menor constrangimento e sem preocupações metodológicas.

É divertido discutir em redes sociais e grupos de WhatsApp sobre quem venceria um hipotético duelo entre o time de “Magic” Johnson, Michael Jordan e Charles Barkley e o time de LeBron James, Stephen Curry e Kevin Durant.

Mas não percamos de vista que o mais importante é desfrutar. Afinal, tentar adivinhar o resultado desse jogo de fantasia não é tão diferente assim de proclamar o vencedor do jogo entre os Monstars e os Looney Tunes de Space Jam

Para sair com a medalha de ouro e confirmar o favoritismo dos Estados Unidos, a equipe treinada por Steve Kerr certamente terá de derrotar oponentes difíceis, que reúnem entre si mais de 60 atletas da NBA.

Dentre os desafiantes, a dona da casa e medalhista de prata nos últimos Jogos Olímpicos (França), um Canadá repleto de jogadores acostumados a enfrentar (e derrotar) LeBron e companhia, a atual seleção campeã mundial (Alemanha) e times tradicionais do basquete europeu liderados por estrelas que venceram múltiplas vezes o prêmio individual mais cobiçado da NBA (a Sérvia, do três vezes MVP Nikola Jokić, e a Grécia, do duas vezes MVP Giannis Antetokounmpo).

Há, ainda, seleções que costumam dar trabalho, como Espanha e Austrália. E quem sabe, enfim, as Olimpíadas de Paris não estejam reservando aos norte-americanos um motivado e guerreiro Brasil.

De um lado, a competição feminina promete, novamente, ser um passeio para os Estados Unidos, que buscam o oitavo ouro seguido e a manutenção de uma sequência invicta que vem desde os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996.

De outro lado, espera-se que a competição masculina honre a essência do esporte e seja, de fato, competitiva.

Afirmar isso só é possível graças à globalização do basquete nas últimas décadas. E mesmo considerando que, falta de entrosamento à parte, a seleção norte-americana conta com gente que se conhece muito bem.

Com efeito, Jrue Holiday, Jayson Tatum e Derrick White acabaram de ser campeões juntos no Boston Celtics.

LeBron James e Anthony Davis são parceiros no Los Angeles Lakers desde 2019.

Devin Booker e Kevin Durant, este bicampeão ao lado de Stephen Curry e Steve Kerr no Golden State Warriors, são companheiros no Phoenix Suns.

Anthony Edwards e Tyrese Haliburton disputaram a Copa do Mundo de 2023 pelo Team USA.

Bam Adebayo é treinado no Miami Heat por Erik Spoelstra, que, assim como Tyronn Lue, foi campeão comandando LeBron James.

A verdade é que, para quem é fã do basquete, os Jogos Olímpicos de Paris oferecem inúmeros itens de interesse. Que vença aquele que merecer mais!

Enquanto isso, nos Estados Unidos, a NBA finalmente anunciou, de forma oficial, os seus acordos de mídia para os próximos 11 anos, com contratos que acabaram chegando à quantia de US$ 77 bilhões, um pouco mais do que vinha sendo especulado.

Além da ESPN, antiga conhecida, a NBC e a Amazon Prime Video serão as novas parceiras da liga a partir da temporada 2025-26, no modelo multiplataforma. Já a TNT Sports, rejeitada em sua tentativa de igualar a oferta da Amazon e manter os direitos de transmissão, promete iniciar uma batalha judicial.

Em um comunicado, a NBA assegurou que “a proposta mais recente da Warner Bros. Discovery [dona da TNT] não era equivalente à oferta da Amazon” e que o acordo com a gigante da internet corrobora com o objetivo principal da liga de “maximizar o alcance e a acessibilidade dos jogos para os fãs”.

A TNT, por sua vez, foi ao Twitter (X) para declarar:

Igualamos a oferta da Amazon, como tínhamos o direito de fazer (…). Acreditamos que [a liga] tenha interpretado mal nossas garantias contratuais em relação à temporada 2025-26 e além, e tomaremos as medidas apropriadas”.

Como bem observado pelos jornalistas Andrew Marchand e Ben Pickman em ótima matéria no The Athletic, o universo das transmissões via streaming, embora já estivesse no horizonte, não foi abrangido quando da assinatura dos antigos contratos de direitos de mídia da NBA. Esse argumento certamente será usado em favor da TNT.

Independentemente disso, prevaleceria, para a liga, a lógica de distribuir as transmissões entre TV aberta (NBC), na TV por assinatura (ESPN) e streaming (Amazon).

A propósito, a NBA teria justificado a recusa à TNT por algumas razões principais: a rede queria colocar todos os seus jogos tanto na TV a cabo quanto no streaming, “diluindo” o produto, enquanto a Amazon colocará somente no streaming; as transmissões da Amazon alcançarão um público mais amplo; e o plano de pagamento da Amazon inclui o pagamento integral e imediato dos 3 primeiros anos de contrato, algo que a Warner Bros. Discovery (TNT) não conseguiria igualar.

Evidentemente, todos os envolvidos têm muito a perder com um litígio, que implicará altos custos financeiro e de imagem. Além disso, a revelação de informações estratégicas que pode ocorrer no curso de um processo costuma ter consequências imprevisíveis e indesejadas.

Seja qual for o desfecho, já se sabia que enfrentar a concorrência da Amazon seria complicado mesmo para um colosso como a Warner Bros. Discovery, que tem na TNT Sports um de seus principais ativos.

Jay Marine, chefe de esportes globais da Amazon Prime Video, recusou-se a comentar sobre a potencial ação judicial, limitando-se a reiterar que assinar com a NBA “foi uma ótima opção e que “Adam [Silver] e sua equipe estão muito voltados para o futuro, compartilhando a mesma visão [da Amazon] de querer inovar e continuar a melhorar a experiência dos fãs dentro e ao redor da transmissão”.

Neste exato momento, enquanto os olhos do mundo estarão voltados para Paris, a direção da Warner Bros. Discovery se prepara para a guerra judicial que se avizinha, dizendo aos advogados responsáveis por defender os direitos da TNT Sports:

Às armas, cidadãos! Formai vossos batalhões! Marchemos, marchemos!

Como na Marselhesa.

Crédito imagem: Freepik

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