Depois de movimentadas partidas do Play-In, com ótimas audiências nos Estados Unidos, começam neste final de semana os aguardados playoffs da NBA.
Se o presente da maior liga de basquete do mundo dominará o noticiário nas próximas semanas de abril, ao longo do mês de maio e até a definição do próximo campeão em junho, o futuro da NBA também está em pauta.
Isso porque, conforme anunciado no início deste mês, a liga e a NBPA, associação que representa os atletas, chegaram a um consenso sobre o novo acordo coletivo de trabalho que regulará o funcionamento do arcabouço normativo da NBA pelos próximos anos, o Collective Bargaining Agreement (CBA).
Embora o documento definitivo ainda não tenha sido oficialmente apresentado, as duas partes envolvidas “apertaram as mãos” depois de mais de um ano de negociações, acertando as bases que valerão, no mínimo, até a temporada 2028-29.
Do que foi divulgado, chama a atenção a confirmação de um torneio que será disputado durante a temporada regular, com jogos que valerão tanto para a classificação normal, que qualifica as equipes para os playoffs, quanto para essa nova competição. Somente a final desse torneio é que não contará para o calendário tradicional de 82 jogos (ou seja, as franquias que chegarem à partida decisiva do torneio disputarão um 83º confronto).
Outro ponto do novo CBA que ganhou destaque na mídia, especialmente pelo fato de endereçar a polêmica relativa ao load management, foi a necessidade de os jogadores atuarem em ao menos 65 partidas a fim de que possam estar elegíveis para os principais prêmios individuais.
Outros detalhes do próximo CBA têm sido “vazados” aos poucos, tais como:
– o aumento do valor máximo que poderá ser oferecido nas extensões contratuais;
– dispositivos para tornar ainda mais pesado o ônus financeiro para as equipes que extrapolarem o limite do teto salarial; e
– a manutenção da proibição de atletas do ensino médio (high school) de se inscreverem diretamente para o Draft da NBA.
Até aí, nada que já não tivesse sido especulado ou que, sabidamente, já não estivesse em discussão.
Os pontos controversos do novo CBA, porém, residem em questões que não estavam “no radar” de forma tão evidente, quais sejam:
– a possibilidade de os jogadores serem proprietários minoritários de franquias da própria NBA e da WNBA, por meio de um fundo de private equity gerido pela NBPA, algo inédito no cenário das ligas esportivas norte-americanas;
– a liberação para os atletas investirem ou serem patrocinados por empresas de apostas esportivas; e
– a eliminação da cannabis do rol de substâncias proibidas pela NBA, sendo que os jogadores também poderão ser patrocinados ou investir em empresas que atuem nesse segmento.
Com a ressalva de que o texto final do novo CBA ainda não está publicado, os questionamentos sobre as novidades mais controversas dele têm sido, desde já, inevitáveis.
Os “ruídos” são inúmeros, principalmente no que tange aos potenciais conflitos de interesse e quebra da integridade nos casos de atletas em atividade que sejam proprietários de outra(s) franquia(s) e de atletas em atividade que sejam proprietários de entidades do mercado de apostas.
Quanto à última hipótese, se tivemos, no futebol inglês, a recente decisão da Premier League de proibir patrocínios de empresas de apostas na parte frontal das camisas a partir da temporada 2026/27 e, no futebol brasileiro, o caso Ferreirinha, a NBA parece estar indo em uma outra direção.
Naturalmente, voltaremos ao tema assim que as regras do novo CBA forem oficializadas.
Enquanto tal momento não chega, cabe a nós, sem maniqueísmos, refletirmos e promovermos reflexões sobre os prós e contras dessas sensíveis mudanças, muitas das quais refletem, em sua essência, o poder atual dos atletas e o papel que eles passaram a desempenhar na economia do esporte.
Crédito imagem: NBA
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