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A escalada dos contratos na NBA e na NFL

A última semana foi marcada pelo anúncio de que o Boston Celtics assinou o maior contrato da história da NBA com o ala Jaylen Brown, selecionado pela equipe com a terceira escolha geral no Draft de 2016.

Ao concordar em estender o atual vínculo contratual por mais 5 anos, o atleta garantiu a quantia recorde de US$ 304 milhões, superior ao valor do maior contrato vigente na liga, assinado entre o campeão Denver Nuggets e sua grande estrela, Nikola Jokić, por US$ 276 milhões.

A extensão do vínculo entre o Celtics e Jaylen Brown já era um movimento previsível. O vulto econômico do acordo também foi condizente com as expectativas, especialmente depois que o jogador foi eleito para o segundo time ideal da temporada, habilitando-se, assim, pelas regras contratuais da NBA, ao chamado “contrato super máximo”.

Jaylen Brown é um ótimo jogador, capaz de contribuir tanto no ataque quanto na defesa em um time que vem chegando com frequência às finais de conferência. Há duas temporadas, o Celtics esteve a apenas duas vitórias do título. E muitos, inclusive eu, consideram que Brown foi o melhor jogador de sua equipe nas finais disputadas em junho de 2022 contra o Golden State Warriors.

Porém, méritos esportivos à parte, é fato que o valor do contrato de Jaylen Brown causa um certo espanto, sobretudo naqueles que não estão tão habituados ao universo das cestas (NBA), das jardas (NFL) e das cifras.

Por falar em jardas e para efeitos comparativos, Tom Brady, o maior vencedor da história do futebol americano, ganhador de 7 Super Bowls e detentor de marcas virtualmente imbatíveis em seu esporte, recebeu, em salários, nas 23 temporadas que disputou, cerca de US$ 176 milhões. Muito menos, portanto, do que Jaylen Brown receberá em função de somente um contrato.

Para entender a escalada dos contratos na NBA, basta observar que os ganhos salariais totais de Jaylen Brown já o deixam, em toda a história da liga, somente atrás de LeBron James (quase US$ 531 milhões), de Kevin Durant (aproximadamente US$ 500 milhões), de Stephen Curry (pouco mais de US$ 470 milhões) e de Damian Lillard (aproximadamente US$ 450 milhões), o mais novo expoente do movimento de empoderamento dos atletas.

Mas não nos espantemos: a marca de Jaylen Brown, em breve, será superada, tão logo um próximo atleta esteja elegível para receber o “contrato super máximo”.

Na NFL, se, de um lado, muito se fala sobre a desvalorização dos running backs, vê-se, por outro lado, uma intensa valorização salarial de outras posições e uma escalada expressiva no patamar de remuneração dos quarterbacks.

Recentemente, os jovens Justin Herbert (US$ 52.5 milhões), Lamar Jackson (US$ 52 milhões) e Jalen Hurts (US$ 51 milhões) assinaram alguns dos maiores contratos de todos os tempos da liga, ficando posicionados logo à frente dos veteranos Aaron Rodgers (US$ 50.2 milhões) e Russell Wilson (US$ 50 milhões) na lista dos mais impressionantes ganhos salariais do futebol americano.

Ainda que Aaron Rodgers tenha reestruturado posteriormente o seu contrato para garantir mais flexibilidade à sua nova equipe, o New York Jets, a premissa continua válida: em regra, quarterbacks titulares ganham muito dinheiro na NFL. E ganharão cada vez mais.

Mesmo entre os defensores, atletas que ocupam posições premium estão sendo igualmente bem recompensados: no mesmo New York Jets, o defensive tackle Quinnen Williams assinou, neste mês de julho de 2023, uma extensão contratual de 4 anos no valor de US$ 96 milhões, dos quais US$ 66 milhões são garantidos e serão pagos ainda que ele não atue um minuto sequer nas próximas temporadas. Isso o coloca como o segundo jogador de defesa com a maior média salarial anual, atrás apenas de Aaron Donald, do Los Angeles Rams, que recebe US$ 31,66 milhões por ano.

Obviamente, só existem condições para destinar todo esse dinheiro aos atletas porque a NBA e a NFL nunca faturaram tanto. Nada mais correto do que premiar, pois, aqueles que fazem o espetáculo acontecer dentro (mas também fora) das quadras e dos campos.

Seja por conta da acirrada concorrência entre os tradicionais detentores dos direitos de transmissão, seja em função dos acordos comerciais com os novos atores do mercado do entretenimento esportivo, a NBA e a NFL “surfam uma onda” gigante de pujança financeira, capitaneadas por “surfistas” que arremessam de longa distância, que dão impressionantes enterradas e que colocam o próprio corpo em risco a cada nova rodada.

Graças à atuação das respectivas associações de atletas, os jogadores da NBA e da NFL passaram, com justiça, a poder usufruir de uma generosa “fatia do bolo” que eles são os principais responsáveis por preparar e “cozinhar”.

Haverá um limite para esse crescimento das receitas e, consequentemente, para essa escalada dos salários?

No futuro, a transformação dos hábitos de consumo do público fará com que o dinheiro que circula nos esportes “migre” para outras áreas do entretenimento?

A busca por equilíbrio competitivo nas ligas esportivas norte-americanas levará a regras tão rígidas que o impulso dos donos das equipes em gastar o que for preciso para conquistar um título será severamente refreado?

Se o fluxo de dinheiro oriundo das apostas esportivas vier a ser impactado, veremos um “encolhimento” da riqueza dessas ligas?

A equação das finanças no esporte permanecerá a mesma depois das propostas agressivas que estão levando estrelas do futebol mundial ao Oriente Médio, a ponto de Giannis Antetokounmpo, astro da NBA, brincar de se oferecer ao Al Hilal após o clube saudita oferecer € 300 milhões ao PSG para contratar Kylian Mbappé por um salário de € 200 milhões por ano?

Só o tempo dirá.

Por ora, a roda continuará a girar da maneira como vem girando e continuaremos pagando caro para ver atletas multimilionários em ação.

Crédito imagem: Getty Images/Ringer illustration

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