Já virou tradição: encerrada a temporada da NBA, chegou a hora de fazermos a nossa retrospectiva.
Quando reexaminamos os fatos juridicamente mais relevantes da temporada 2022-23, destacamos que o então campeão Denver Nuggets era a quinta equipe diferente a levar para casa o troféu Larry O’Brien nas últimas cinco temporadas, em uma nítida demonstração do equilíbrio competitivo da liga.
Na temporada que se encerrou com o triunfo do Boston Celtics sobre o Dallas Mavericks de Kyrie Irving e Luka Dončić, essa escrita se manteve: o Celtics, maior campeão da história, é a sexta equipe diferente a vencer a NBA nas últimas seis temporadas.
O vencedor do prêmio de MVP das finais foi Jaylen Brown, personagem desta coluna quando escrevemos sobre o contrato assinado por ele na última offseason, simplesmente o maior contrato de todos os tempos na liga.
Na ocasião, alertamos: “a marca de Jaylen Brown, em breve, será superada, tão logo um próximo atleta esteja elegível para receber o ‘contrato super máximo’”.
Esse momento irá chegar em breve, pois, como previsto, a NBA conseguiu o que pretendia na negociação do próximo ciclo contratual de seus direitos de transmissão.
Tendo triplicado as receitas que irá auferir junto aos parceiros de mídia nos próximos onze anos, a liga propiciará às franquias, especialmente em razão dos US$ 76 bilhões de dólares que entrarão “nos cofres”, um substancial incremento do teto salarial.
Há novas regras em vigor por força do acordo coletivo de trabalho recentemente firmado entre a NBA e associação dos atletas, mas algo não irá mudar: teremos, assim como em 2016, novos “Timofeys Mozgov”, jogadores medianos cujos salários devem aumentar exponencialmente em razão do crescimento do “bolo” que será repartido entre as franquias.
Veremos quem irá se adaptar melhor ao novo regramento, que, dentre outras novidades (algumas delas bem controversas), punirá financeira e esportivamente as equipes que gastarem demais.
Será esse um mecanismo suficiente para garantir à liga um sétimo campeão diferente em sete anos? A ver.
Uma das inovações do vigente acordo coletivo de trabalho, que foi a implementação da nova “Política de Participação de Jogadores” para fazer frente ao load management, recebeu críticas sobretudo quando chegou o momento de atribuição de prêmios aos melhores jogadores da temporada.
Seja como for, críticas são naturais e, quando construtivas, são saudáveis para que a NBA continue evoluindo. O comissário Adam Silver, mesmo aclamado por seus sucessos, soube ouvir opiniões divergentes quando, por exemplo, conduziu a criação de uma nova competição disputada em meio à temporada regular.
A inédita Copa da NBA mais agradou do que desagradou. Prova do sucesso é o fato de que a nova disputa recebeu interesse o bastante para que uma grande companhia se dispusesse a pagar pelos naming rights dela.
O fato de a Copa ter sido conquistada pelo Los Angeles Lakers, uma das franquias mais populares e de maior apelo midiático em todo o esporte mundial, só ajudou.
Atualmente, falar em Lakers é falar em LeBron James, que passou a ser garoto-propaganda de uma casa de apostas. Ah, as apostas esportivas…
Em abril, a liga aplicou a punição mais rigorosa das últimas décadas nos esportes americanos, banindo para sempre o atleta Jontay Porter, do Toronto Raptors, em razão de uma investigação que comprovou o envolvimento do atleta em manobras para a manipulação de resultados.
As ferramentas tecnológicas e a inteligência artificial vieram para ajudar na proteção da integridade do esporte e a NBA foi rápida e eficiente ao descobrir as irregularidades. A inclusão da evidence sharing clause no já citado acordo coletivo de trabalho foi um acerto fundamental.
O encerramento da temporada 2023-24 da liga ficará marcado pelo crescimento da audiência nas finais, uma excelente notícia em face dos novos hábitos de quem consome esportes, sobretudo das gerações mais jovens.
A maior parte dos espectadores das finais ainda acompanhou os jogos decisivos pela televisão (59%), enquanto o restante se dividiu entre plataformas de streaming (24%) e YouTube TV (17%).
A nota triste ao fim da temporada, que também viu a propriedade de franquias trocando de mãos (nem sempre de forma amigável), foi o falecimento da lenda Jerry West.
Como atleta, treinador e dirigente, West foi o representante perfeito do que a NBA tem de melhor. Não à toa, foi escolhido para ser “o Logo”, símbolo associado à excelência esportiva e comercial em todos os cantos do planeta.
Que venha mais uma temporada! Estaremos aqui para acompanhar.
Crédito imagem: Charles Krupa / Associated Press
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